Um mês após o início das ocupações nas escolas da rede estadual do Rio, completados nesta quinta-feira (21), começa a crescer um movimento inverso. Pelas redes sociais, alunos das 62 unidades tomadas se uniram no ‘Desocupa Já’. Com cartazes, apitos e cornetas, cerca de 20 estudantes do Colégio Estadual Heitor Lira, na Penha, do Paulo de Frontin, na Tijuca, e do Instituto de Educação Rangel Pestana, em Nova Iguaçu, protestaram nesta quarta-feira em frente ao Heitor Lira. Do outro lado da Rua Cuba, onde fica o colégio, os ocupantes munidos de tambores reivindicavam o direito de permanecer na escola.
“Eles fazem a manifestação na mesma hora da nossa para nos provocar”, criticou Evellin Barreto, 19, aluna do Heitor Lira. Segundo ela, os alunos a favor da desocupação estariam sendo ameaçados. “Tem gente dizendo que vão nos apagar, literalmente”, diz ela, que só quer voltar a estudar.
Segundo Luãn Freitas, 18 anos, aluno do Heitor Lira e fundador do movimento ‘Desocupa Já’, a ocupação fere o direito dos alunos de estudarem e nega que a escola esteja passando por graves problemas estruturais. “Fazíamos mobilizações e a direção ouvia”, aponta ele. Cindy Caetano, 17 anos, estudante do segundo ano, confirma: “Tínhamos aulas, merenda e salas com ar condicionado. A ocupação é desnecessária”, conta. “Esse ano só fiz três provas, ocuparam a escola antes de fazermos as outras”, reclama.
Seeduc apoia desocupação
A mãe de Cindy, Bárbara da Silva, de 65, vai para a porta do Heitor Lira diariamente. Segundo ela, a maior preocupação é que a filha perca o ano. “Não terá base, nem poderá fazer o Enem”, lamenta.
Segundo Caio Castro Lima, chefe de gabinete e porta voz da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), a desocupação voluntária, motivada pelos estudantes ou pela sociedade é a única maneira viável de acabar com as ocupações. “A secretaria não quer usar polícia, os alunos têm que ceder. A comunidade escolar tem que se reposicionar e retomar as escolas”, aponta. Segundo ele, a Seeduc já teria aberto mão de vários pontos em favor dos alunos. “Eles não querem negociar, querem criar um desastre ainda maior”.