Em meio a uma “bagunça política” e com o governo em “modo de sobrevivência”, as contas públicas brasileiras devem continuar piorando e a recessão seguir se aprofundando. Nesse ambiente, o desdobramento da crise política é que vai determinar as expectativas para a economia do Brasil nos próximos dois anos. A avaliação é do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo e com sede em Washington, em um novo relatório sobre o Brasil. A instituição não descarta a perda de grau de investimento do País pela Fitch e pela Moody’s.
A projeção do IIF é que o País tenha déficit primário de 1,2% este ano e de 0,6% em 2016. O dólar pode ir a R$ 4,40 no ano que vem. “A crise política se aprofundou e está obstruindo o necessário ajuste fiscal para restaurar a confiança dos agentes e construir as bases para a recuperação da economia”, afirma o economista para América Latina do IIF, Ramón Aracena. Ele projeta contração de 3,2% este ano para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e de 2% em 2016, com “algum crescimento” vindo apenas em 2017, mesmo assim em ritmo modesto. “A recuperação provavelmente será frágil e lenta.”
Ainda em suas previsões, o IIF vê o déficit nominal, que inclui o pagamento de juros pelo governo, subindo de 6,7% em 2014 para 9,7% este ano. Em 2016, deve recuar para 8,6%, mas ainda ficar acima da média dos últimos anos. A relação dívida bruta/PIB, um dos indicadores monitorados de perto pelas agências de classificação de risco, deve seguir aumentando.
Com a piora da situação política, que tem impedido a governabilidade no Brasil, Aracena afirma que não se pode descartar a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A piora do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego tendendo a superar os 10%, pode ser um fator a desencadear insatisfação popular, o que traria mais apoio para o impedimento da presidente.