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Etapa III da CPI vai ser como lenha em fogueira

A presença do ex-chanceler Ernesto Araújo da CPI do Genocídio, nesta terça, 18, tem tudo para se transformar numa grande fogueira com as chamas chegando mais perto do Palácio do Planalto. Enquanto isso o presidente Bolsonaro aposta nos tratores do agronegócio e do Congresso para sobreviver até o próximo ano, mas Renan Calheiros mal começou a colocar lenha na fogueira da CPI que aguarda pelo general Pazuello.

Como já era de se esperar, vão aumentando os riscos e o desgaste político daqueles que sentam na cadeira para depor na CPI. A fala do presidente da Anvisa Antônio Barra Torres reforçou os argumentos da oposição ao confirmar que o governo discutiu a proposta de mudança na bula da cloroquina.

Na quarta-feira (12), foi a vez do ex-secretário de Comunicação do governo, Fábio Wajngarten. O relator Renan Calheiros afirmou que Wajngarten é “a primeira pessoa que incrimina o presidente da República”, referindo-se à hipótese de que havia um comando paralelo ao Ministério da Saúde que tomava decisões a respeito da pandemia.

Wajngarten chegou a ser ameaçado de prisão ao desmentir o que havia dito à revista Veja, quando acusou o ministério de incompetência. O episódio vai render um novo depoimento de acareação entre Wajngarten e o repórter da Veja Policarpo Júnior e um pedido para que o Ministério Público indicie o ex-secretário por falso testemunho.

Pela primeira vez também os bolsonaristas resolveram bagunçar a CPI. A tática de Bolsonaro e família parece ser atacar Renan Calheiros, o que é arriscado pois “queima a última ponte entre o governo e o relator que fará o parecer, que pode contribuir para culpar Bolsonaro, inclusive perante cortes internacionais”.

Já na quinta-feira (13), o representante da Pfizer Carlos Murillo reafirmou que em maio do ano passado ofereceu ao governo brasileiro 70 milhões de doses, mas que na época Pazuello não assinou o contrato justificando problemas jurídicos e logísticos.

Mas tudo isso são apenas preliminares. O depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo pode esquentar ainda mais o cenário, já que telegramas diplomáticos comprovam que ele trabalhou para adquirir cloroquina no mercado internacional. Enquanto isso, o país espera a estrela da CPI, o general Pazuello, que causa calafrios nas forças armadas e pode incriminar decisivamente Bolsonaro.

 

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