ei você
você aí
parada desse jeito
assim com esses braços
esse pão aí é meu!
não gente eu tenho certeza
porque veja bem quem mais pode ter sido
e eu me lembro de ter deixado ele bem aí
alguém pode por favor me mostrar as câmeras?
não veja bem eu não posso pegar outro pão
porque eu queria aquele
e eu não saio daqui sem o meu pão.
cadê o dono dessa loja?
não tem como permitir isso
esse pão na mão dela
é o meu
não gente espera aí
acabei de me lembrar o meu pão estava ali
calma moça, é brincadeira
você não gosta de brincar?
não tem nada disso de cor não
pra mim todo mundo é igual
minha avó também é escurinha
eu também quando pego o sol
mas eu não gosto de ficar assim moreninha
você não vai ficar chateada
por isso
vai?
é que eu estou tomando tarja preta
fico confusa às vezes
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Maria Emanuelle Cardoso, mineira de Montes Claros, nasceu em 2000. É bióloga e pesquisa redes socioecológicas no mestrado. Integra a Esquipe de Poetas de FaziaPoesia e o Coletivo Escreviventes. Foi premiada com o 2.º lugar do Prêmio Poesia Agora, da Editora Trevo, em 2021. Em 2023, foi aluna do CLIPE Poesia da Casa das Rosas. É autora de “Amarelo Mostarda”, Ed. Nauta, 2024