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Pés da China em Cuba

EUA de olho em laços para espionagem eletrônica

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque - Foto Reprodução

Imagens de satélite recentes revelaram desenvolvimentos significativos nas estações de espionagem eletrônica em Cuba, ligadas a uma crescente parceria com a China. Essas instalações, localizadas aproximadamente a 70 milhas da base naval dos Estados Unidos em Guantánamo, mostram novas construções em um local não relatado anteriormente, destacando uma preocupação crescente sobre as capacidades de espionagem da China na região.

No ano passado, o Wall Street Journal relatou negociações entre China e Cuba para fortalecer laços em defesa e inteligência, incluindo a criação de um novo centro conjunto de treinamento militar e uma instalação de escuta. Autoridades americanas indicaram que Cuba e China já operam estações de escuta conjuntas na ilha, embora as localizações exatas não tenham sido divulgadas.

A relação entre China e Cuba tem raízes históricas profundas que remontam aos anos 60, quando ambos os países estabeleceram relações diplomáticas. A China tem sido um aliado crucial para Cuba, fornecendo ajuda econômica, apoio militar e respaldo político no cenário internacional. Em troca, Cuba tem apoiado políticas e iniciativas da China em diversos fóruns internacionais.

Durante a Guerra Fria, a União Soviética operava seu maior site de espionagem eletrônica no exterior em Lourdes, perto de Havana, que abrigava centenas de oficiais de inteligência soviéticos, cubanos e de outros países do bloco oriental. Este site foi fechado após 2001, mas nos últimos anos, o envolvimento da China nas capacidades de inteligência de Cuba aumentou.

Segundo um comunicado da Casa Branca no ano passado, a China modernizou suas instalações de coleta de inteligência em Cuba em 2019. Imagens de satélite identificaram melhorias e expansões significativas nas instalações de espionagem eletrônica em Cuba, incluindo locais-chave como Bejucal, El Salao, Wajay e Calabazar.

Analistas e ex-funcionários expressam preocupação com o fato de a China estar aproveitando a proximidade geográfica de Cuba ao sudeste dos Estados Unidos para interceptar comunicações eletrônicas sensíveis de bases militares americanas, instalações de lançamento espacial e redes de telecomunicações, o que pode incluir o monitoramento de cidadãos americanos.

A capacidade dessas estações de interceptar comunicações eletrônicas representa uma ameaça direta à segurança nacional dos Estados Unidos. A China poderia obter informações estratégicas sobre estratégias militares, planos operacionais e avanços tecnológicos americanos, que poderiam ser usados para contrariar iniciativas militares americanas, desenvolver contramedidas e obter uma vantagem estratégica em potenciais conflitos.

Quanto às instalações específicas, Bejucal e Calabazar, perto de Havana, abrigam antenas de grande porte projetadas para monitorar e se comunicar com satélites. Embora Cuba não possua seus próprios satélites, essas antenas seriam benéficas para a China, que possui um programa espacial considerável. Em janeiro, uma nova antena foi instalada em Bejucal, juntamente com outras melhorias de infraestrutura na última década.

Além disso, foi descoberto um novo local de espionagem em El Salao, perto de Santiago de Cuba, que ainda está em construção e não era conhecido publicamente. Este local, localizado perto da base naval dos Estados Unidos em Guantánamo, parece estar projetado para abrigar uma formação de antenas conhecida como um conjunto circular de antenas, capaz de interceptar sinais eletrônicos.

Esses desenvolvimentos ocorrem em meio a crescentes preocupações com a competição das grandes potências no Caribe e na América Latina, regiões onde os Estados Unidos têm buscado há muito tempo evitar que seus rivais obtenham vantagens militares e econômicas. A presença chinesa na região está se expandindo, como demonstra a construção de um megaporto na costa do Pacífico do Peru. Além disso, a Rússia demonstrou sua influência enviando um submarino nuclear e uma fragata ao porto de Havana.

Em resumo, a expansão de supostas estações de espionagem chinesas em Cuba representa um desenvolvimento significativo no panorama geopolítico. A localização estratégica dessas instalações e suas capacidades avançadas representam potenciais ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos. À medida que os Estados Unidos, China e Rússia continuam competindo por influência na região, as implicações desses desenvolvimentos provavelmente terão consequências de longo alcance na política e segurança internacional.

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