O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou neste domingo que o Chile instalou uma base militar “ilegal” na fronteira entre ambos países, a 15 quilômetros dos mananciais de Silala, no sudoeste boliviano, e alvo de disputa entre os dois governos.
“A 15 quilômetros de Silala instalaram uma base militar chilena. Eu não posso entender por que desta base. Primeiro, é ilegal se levarmos em conta os acordos internacionais. A 15 quilômetros, o que eles pretendem?”, questionou Morales em discurso em Santa Cruz.
A Bolívia afirma que Silala é formada por vertentes cujas águas artificiais fluem para o Chile por canais artificiais construídos em 1908. Por isso, várias vezes o governo boliviano exigiu uma compensação econômica ao país vizinho e a empresários chilenos.
Morales disse que não entende o motivo da instalação da base, já que o Chile é governado por socialistas. “Não sei por que eles são militaristas. Essa instalação é uma agressão à Bolívia”, criticou.
“Não é o povo chileno, mas sim grupos oligárquicos com pensamento colonial que instalam bases militares para agredir o povo boliviano. Que eles não se confundam: não estamos em tempos de colônia nem do domínio de impérios. São os tempos do povo, em que só buscamos justiça em assuntos pendentes”, destacou o presidente da Bolívia.
Em março, Morales anunciou a intenção de seu país de levar o conflito pelas águas do Silala ao Tribunal Internacional de Justiça de Haia, ao considerar que o Chile faz um “uso abusivo” do recurso natural e que se trata de o leito de um rio internacional.
Se o processo for aceito, será a segunda ação que a Bolívia terá no tribunal das Nações Unidas contra o Chile, já que o país também levou a luta pelo acesso ao mar à corte internacional.
O governo da Bolívia anunciou que a elaboração desse novo caso demorará dois anos e que o Chile deve cerca de US$ 1 bilhão ao país pelo consumo da água da região em mais de um século.
“Quando a Bolívia, com muita razão, pede justiça aos tribunais internacionais, recebe como resposta a soberba, a ameaça. Mas queremos dizer que não estamos em tempos de invasão, mas sim de integração dos povos”, destacou o líder.
A Bolívia pede ao Tribunal Internacional de Justiça que obrigue o Chile a negociar definitivamente e de boa fé sua centenária exigência de uma restituição do acesso ao Oceano Pacífico, perdido em uma guerra entre os dois países em 1879.