Mariana Agati
O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF/SP) denunciou dois ex-delegados do Dops acusados de sequestrar o metalúrgico Feliciano Eugênio Neto, militante do PCB na ditadura. A vítima é um dos 434 mortos ou desaparecidos em decorrência da repressão do Estado Brasileiro no período, segundo a Comissão da Verdade.
Feliciano Eugênio Neto foi preso sem flagrante nem comunicação à Justiça, “para averiguação”, no dia 2 de outubro de 1975. Em dezembro do mesmo ano, foi recolhido em presídio no bairro da Mooca e só teve a prisão decretada pela Justiça Militar em 15 de janeiro de 1976, três meses e meio após o sequestro.
Depoimentos dos filhos da vítima e de seu advogado da época indicam que Neto teria sido torturado no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna) e no DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social).
Os dois acusados são Alcides Singillo e José Francisco Seta, hoje aposentados da Polícia Civil de São Paulo. De acordo com a denúncia do MPF, eles são responsáveis pelo sequestro ao se omitirem no dever de comunicar uma prisão da qual tinham conhecimento, que ocorreu na delegacia onde trabalhavam.
Feliciano Eugênio Neto morreu no dia 23 de setembro de 1976 no Hospital das Clínicas, na mesa de cirurgia após internação às pressas. No atestado de óbito, a causa-mortis consta como “indeterminada”.