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Experiência de quase morte não é fruto de alucinação

Os avanços na ressuscitação e na medicina de cuidados intensivos permitiram que cada vez mais pessoas sobrevivessem a encontros de quase morte; depois descrevem lembranças únicas. Uma equipe de especialistas se reuniu para examinar as evidências acumuladas e oferecer a primeira declaração de consenso revisada para o estudo científico de experiências recordadas em torno da morte.

As lembranças mentais vívidas que as pessoas que sobreviveram a experiências de quase morte geralmente descrevem não são alucinações, como alguns supõem, afirma um novo estudo. Nem são consistentes com ilusões ou experiências induzidas por drogas psicodélicas, mas são um processo cognitivo distinto, afirma a pesquisa que expandiu a compreensão atual da morte.

Estima-se que centenas de milhões de pessoas em todo o mundo compartilharam experiências únicas de episódios inexplicáveis ​​e lúcidos de consciência elevada quando estão às portas da morte, por assim dizer. Este é o resultado direto dos avanços na ressuscitação e na medicina intensiva ao longo do século passado.

‘A morte não é um estado absoluto’
Embora a morte seja clinicamente definida como quando o coração para de bater, o cérebro não para de funcionar ao mesmo tempo, explicou uma vasta equipe multidisciplinar, liderada por Sam Parnia, MD, PhD, diretor de Cuidados Intensivos e Pesquisa de Ressuscitação da NYU Grossman School de Medicina.

“ As células do cérebro não ficam irreversivelmente danificadas em poucos minutos de privação de oxigênio quando o coração para. Em vez disso, eles ‘morrem’ ao longo de horas. Isso está permitindo que os cientistas estudem objetivamente os eventos fisiológicos e mentais que ocorrem em relação à morte”, afirmou.

Isso permitiu à equipe a oportunidade de descobrir que a atividade gama e os picos elétricos no cérebro após a morte indicam um estado elevado de consciência. A pesquisa examinou evidências científicas acumuladas até o momento para chegar à primeira “declaração de consenso”.

A equipe representou muitas disciplinas médicas, incluindo neurociências, cuidados intensivos, psiquiatria, psicologia, ciências sociais e humanas, e veio de instituições acadêmicas, incluindo Harvard University, Baylor University, University of California Riverside, University of Virginia, Virginia Commonwealth University, Medical College, de Wisconsin, e as Universidades de Southampton e Londres.

As experiências de quase morte são definidas por um arco narrativo específico, explicou o estudo, que além disso muitas vezes resulta em um crescimento psicológico positivo da pessoa depois de ressuscitada. Os cientistas concluíram que as experiências recordadas em torno da morte seguem uma narrativa específica, envolvendo uma percepção de separação do corpo e aumento da consciência e reconhecimento da morte; viajar para um destino; revisão significativa da vida, envolvendo uma análise crítica de ações, intenções e pensamentos em relação aos outros; e, percepção de estar em um lugar que parece “casa”.

Voltar à vida
“A parada cardíaca representa o estágio final de uma doença ou evento que causa a morte de uma pessoa. O advento da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) nos mostrou que a morte não é um estado absoluto, mas sim um processo que pode ser revertido em algumas pessoas mesmo depois de iniciado”, disse Parnia.

Até o momento, os estudos não conseguiram comprovar definitivamente a realidade ou o significado das experiências dos pacientes em relação à morte.

“Poucos estudos exploraram o que acontece quando morremos de maneira objetiva e científica, mas essas descobertas oferecem insights intrigantes sobre como a consciência existe em humanos e podem abrir caminho para mais pesquisas”, concluiu o líder do estudo.

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