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Exposição e livro contam a história do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas

Paulo Virgílio

A região do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, hoje uma área elegante e cosmopolita da zona sul carioca, era há dois séculos uma grande fazenda real, que abrigava a primeira fábrica de pólvora do país. Imagens antigas e atuais da Lagoa e dos bairros ao seu redor integram a exposição Linhas, traços e outras buscas, inaugurada na noite de hoje (11) no Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A abertura da mostra, que contrapõe os registros recentes da fotógrafa Erica Tambke às imagens de várias épocas, também marcou o lançamento do livro A Fazenda Nacional da Lagoa Rodrigo de Freitas na formação de Jardim Botânico, Horto, Gávea, Leblon, Ipanema, Lagoa e Fonte da Saudade, seguido de palestra dos autores, os historiadores Carlos Barata e Cláudia Gaspar.

Com uma proposta de arqueologia fotográfica, a exposição utiliza a cinotipia, processo de impressão em tons azuis, utilizado durante os séculos 19 e 20, para copiar desenhos e diagramas, que documentam o período de criação e expansão da Fazenda Nacional. Também faz parte da mostra a projeção de algumas imagens do livro, como pinturas e outros registros de diferentes momentos históricos.

Mestre em Cultura Visual pelo Birbeck College, da Universidade de Londres, Erika Tambke buscou registrar imagens que remetem à história dos bairros da região, que foram surgindo a partir da criação do Jardim Botânico “É uma história que se confunde com a da própria fotografia, surgida no século 19”, lembra Erika. “O meu objetivo foi fazer uma comparação da região da Lagoa nos tempos de hoje com a de outras épocas, registradas na iconografia da mostra”, explica a fotógrafa.

O livro dá sequencia a uma série iniciada em 1994, quando os autores publicaram uma obra sobre os 100 anos do bairro de  Ipanema. No trabalho de pesquisa, viram que a história de Ipanema, assim como a dos demais bairros da região, estava intimamente ligada à da Lagoa Rodrigo de Freitas. “O material coletado foi tão grande que pôde ser aproveitado em livros sobre os outros bairros”, conta Carlos Barata.

A ocupação da região remonta ao ano de 1575, uma década após a fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá, com a construção de um engenho de açúcar, às margens da Lagoa então chamada de Sacopenapã. Adquirida em 1598 por Diogo de Amorim, a propriedade englobava não só o entorno da Lagoa mas também o que é hoje o bairro de Copacabana.

O nome atual da Lagoa homenageia Rodrigo de Freitas, que se casou em 1702 com uma descendente de Diogo de Amorim e se tornou o proprietário do engenho. Com a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, Dom João VI desapropria toda a área – então já sem Copacabana, vendida em 1718 – para a implantação da Fábrica de Pólvora e do Jardim Botânico.

Com o nome de Fazenda Nacional, a área foi aos poucos desmembrada. “Nós procuramos contar no livro a história das grandes chácaras que foram sendo criadas ao redor da lagoa e que mais tarde, na medida em que evoluía o espaço urbano, foram sendo divididas em lotes e traçadas as ruas. Ipanema, por exemplo, é um bairro planejado, surgido em 1894”, explica o coautor da obra.

Agência Brasil

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