O primeiro parágrafo do artigo opinativo publicado no jornal espanhol El País “Bolsonaro es una ameaza para el planeta”, de 16 de outubro, assinado por Eliane Brum, afirma que Jair Bolsonaro vai desprezar o Acordo de Paris – encontro das Nações Unidas sobre a redução de emissão de dióxido de carbono, negociado em dezembro de 2015 – e devastar a Amazônia.
A articulista diz, em tradução livre, que como provável futuro presidente do Brasil, Bolsonaro, durante seu mandato, “converterá a maior selva tropical do mundo em uma região com vegetação rala e de baixa diversidade. E o combate global aos efeitos da mudança climática será um desafio quase impossível”.
Outros “periodistas” já dedicaram muitos artigos criticando essa senhora superlativa, autora do texto, em suas afirmações e conhecida por caminhar com a esquerda caviar. Toma para si a autoria de argumentos absolutamente irreais que difunde na imprensa internacional. São superficiais e desafiam a inteligência alheia mais atenta, mas confunde os incautos leitores estrangeiros.
Ainda que esteja em franco combate ao pleito de Bolsonaro, ocultando o conhecimento que certamente tem sobre aquela região do Norte brasileiro, suas dimensões, topografia e uma complexa dinâmica climatológica, Eliane Brum aguarda um contraponto às suas verdades sobre o assunto. Então aqui segue um, bélico, é verdade, só para não abandonar o conceito subjetivamente militarista que ela adicionou ao artigo d´El País.
Há pouco mais de quatro décadas, as selvas vietnamitas (do Sul e do Norte) foram bombardeadas durante 16 anos com napalm, um inflamável líquido que atinge 800ºC. As áreas dos dois países somam 330 mil km2. As selvas vietnamitas, aos poucos recuperadas, continuam lá, apesar das 400 mil toneladas criminosamente lançadas sobre a fauna e a flora, para atingir pessoas. Bolsonaro só terá, na melhor das hipóteses, a metade daquele prazo, 8 anos, para acabar com a Amazônia, caso vá utilizar o mesmo e maior método de destruição, nada recomendado e que não funciona. Mas como o napalm foi banido por convenções internacionais, é necessário saber qual o novo método proposto por Brum a ser utilizado com eficácia.
O Brasil não tem a bomba atômica. Isso ela omitiu. E vale lembrar que a nossa Amazônia tem 5,5 milhões de km2, 17 vezes maior que os territórios vietnamitas somados. E não cabe comentar sobre a metamorfose prevista por ela, uma futura vegetação rala, em uma região que a hidrografia declara imprópria. Considera uma “aberração” a consolidação do Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente, quando qualquer pessoa esclarecida admite que há necessidade de uma coordenação centralizada de duas pastas que tratam do mesmo assunto: o solo e sua ocupação sustentável. Isso ela omitiu.
E tem mais: que Bolsonaro denomina como setor produtivo a agroindústria e os grileiros, criminosos que se apropriam de terras públicas por meio de matadores. Ela omite a destruição pelo MST – Movimento dos Sem Terra, de uma pesquisa de 15 anos em laboratório de propriedade privada, em 2015, na cidade de Itapetininga, e outros delitos graves, como invasões de terras produtivas e os recursos públicos que aquela organização improdutiva recebeu dos governos petistas.
Para envolver os leitores castelhanos ainda mais, arrematou o regurgito panfletário, acrescentando: o Brasil é o país mais letal aos defensores do meio ambiente. Que na gestão do futuro presidente a “bancada do boi”, que já ocupa grande espaço em nosso parlamento, será ainda maior a partir de 2019. Omitiu que o filho do líder prisioneiro de sua turma encarnada, conhecido como Lulinha, é tido como um dos maiores criadores de gado do mundo – mais de 500 mil cabeças – e que o rebanho pisa em estimados de 13.890 km2 de pastos, onde antes havia mata nativa, equivalente a 10% do território espanhol.
O que pretende esconder Eliane Brum? O mesmo método jornalístico que não ficou claro quando criticou a menina Thauane, vítima de câncer, ao ser repreendida por uma mulher negra, simplesmente porque cobriu a cabeça com um turbante que considerou um adereço bonito para a ocasião. A reprimenda da mulher negra à menina enferma incluiu a fundamentação de que aquela era uma peça exclusiva do vestuário da sua etnia e que uma branca não poderia utilizá-la. Thauane, enferma e ingênua em sua vaidade, reagiu com tristeza sem entender.
Então a grande intérprete dos direitos individuais, em nome d´El País, surge em comentários para agravar a delicada situação e dispara seu veneno sobre a menina. Acrescenta críticas e conselhos à criança, corroborando a equivocada e insensível atitude da mulher negra.
Para quem não sabe de quem estamos falando, vale um esclarecimento: a articulista d´El País é branca, mas a razão aparentemente não alimenta seus conteúdos, ao contrário, utilizou a cor da sua pele – igual a da vítima – para dar amplitude e falsa legitimidade aos comentários que produziu sobre o episódio, em forma de carta para infantilizar o ataque. Cada um tem seu estilo e estratégia de autopromoção. Pode ser isso. Uma brasileira – sim, ela vem da pequena cidade gaúcha de Ijuí – que alimenta um veículo de comunicação europeu com temas deturpados, onde não há a contrainformação imediata nem a compreensão exata de mundos diferentes, é possível dizer o que bem entende. Não por muito tempo.
Se ela ganha com isso, certamente o respeitado El País perde. Devemos reconhecer que seu artigo percebeu em Jair Bolsonaro superpoderes, capaz de dizimar a maior floresta do mundo, dobrar o maior rebanho de gado do mundo, ameaçar o planeta e chamar Donald Trump de “o cara”. Um bom caminho para alcançar o sonho de chefiar a redação do Correio de Venezuela.
No Brasil, interlocutores de Jair Bolsonaro não demonstraram preocupação com o que escreveu Eliane Brum. Mas lamentaram que se tente espalhar na Europa, a partir da Península Ibérica – onde Espanha e Portugal sempre foram aliados de primeira hora do Brasil -, um clima de alerta, como se o Brasil, em um eventual governo de Bolsonaro, fosse colocar a produção agrícola acima do meio ambiente.
Ao contrário do que aconteceu com o Vietnã, a Amazônia, ‘pulmão do mundo’, será preservada. É o que garante gente que carrega nos ombros verde-oliva estrelas de verdade. Não haverá a temida devastação que provoca uma desnecessária apreensão entre europeus. Se a Europa está preocupada com seu clima, numa suposta riscada da Amazônia do mapa geográfico, seus cidadãos, no que depender do Brasil, podem desligar o sinal vermelho.