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‘Falar a verdade no Brasil dá cadeia. Prefiro ficar calado’

Ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo J&F, Ricardo Saud. durante oitiva na CPMI da JBS. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Breno Pires e Renan Truffi

Apesar de ter preferido não responder às perguntas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS, o ex-executivo da J&F Ricardo Saud falou sobre a situação que vive e disse que foi preso após falar a verdade.

“As palavras do senhor, que eu quero ajudar o país, eu quero, mas a primeira vez que eu sentei para falar a verdade eu fui preso. Já pensou se eu continuar falando? Então eu vou ficar calado”, disse Ricardo Saud, em depoimento na CPMI, nesta terça-feira, 31, após questionamentos sobre comentários que havia feito sobre “querer ajudar o Brasil”.

Em outro momento, Saud também voltou a este assunto. “Uma pessoa que faz cinco ações controladas, com cinco a dez pessoas da PF, vai sentar com a PGR depois e mentir?”, disse.

Saud está com o acordo de colaboração premiada suspenso, por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e disse em vários momentos que preferia não responder qualquer questionamento feito CPMI da JBS. Explicou que só voltará a colaborar com Justiça quando seus direitos forem restabelecidos.

“Eu queria, não frustrando vossas excelências, lembrar que a suspensão do meu acordo de delação premiada está cautelado e vou permanecer calado seguindo meu direito constitucional.Tão pronto sejam restabelecidos meus direitos, eu voltarei a colaborar com a Justiça”, afirmou Saud aos parlamentares.

Diante da negativa, senadores e deputados tentaram convencer Saud a falar em sessão fechada, sem a presença da imprensa. Mas Saud repetiu a justificativa. “Eu não me escondo. Quando minhas premissas forem restabelecidas, eu quero falar e muito”, afirmou o executivo.

O acordo de delação premiada de Ricardo Saud foi suspenso desde que vieram à tona gravações feitas pela JBS que apontaram omissões feitas pelo delator e o dono do grupo, Joesley Batista. A suspensão foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, a pedido do ex-procurador Rodrigo Janot. O cancelamento em definitivo do acordo também já foi pedido por Janot, mas aguarda uma nova decisão de Fachin. Por isso, Saud decidiu ficar em silêncio, na esperança de voltar a ter seu acordo restabelecido.

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