Carolina Paiva
Venhamos – de preferência com outro governador -, e convenhamos. Verdade seja dita: a crise hídrica enfrentada pela população do Distrito Federal não pode, como querem alguns postulantes à cadeira hoje ocupada por Rodrigo Rollemberg, ser atribuída ao atual governador. Mas pode-se atribuir a ele, sim, a falta de transparência e de lealdade com o brasiliense.
A primeira questão a ser posta é se Rollemberg teria mesmo sido eleito se antecipasse aos seus eleitores que daria dois importantíssimos e bem pagos cargos a dois primos dele – os irmãos Luduvice, um no DER e o outro na Caesb.
Nesse momento o nome que mais interessa é o do primo Maurício, presidente da estatal de águas de Brasilia.
Para quem tem memória curta, vale lembrar que um dos gerentes da Caesb, logo no inicio do governo Rollemberg, afirmou que o Distrito Federal não corria qualquer risco de falta de água.
Como a declaração não foi desmentida na época, ficou a certeza de que o Palácio do Buriti compartilhava em gênero, número e grau sobre o que foi dito. Porém, tivesse alum estrategista na equipe, a sociedade não viveria aflita em função da escassez e do racionamento de água.
Ponto contra Rollemberg. Também é culpa do governador, porque é ele o gestor maior, o péssimo atendimento prestado pela Caesb. A estatal peca ainda mais por sua falta de transparência e omissão de informações que deveriam ser de conhecimento do elemento mais importante nesse período de crise hídrica – o consumidor final.
A sociedade não aceita mais que o primo Maurício diga que está todo mundo bem informado. Nesse aspeto, de esclarecido o povo não tem nada.
Morasse o primo Maurício em Sobradinho, os vizinhos gostariam de ver ele ficar 4 ou 5 dias sem água, e ligar para o 115 pedindo providências. Primeiro, raramente um dos telefonemas teria sucesso – no que diz respeito a encontrar um interlocutor. Mas, na eventualidade de isso ocorrer, uma atendente decoreba teria na ponta da língua uma frase insistentemente estudada: “Senhor, a previsão é que o fornecimento seja normalizado em vinte e quatro horas”.
Disso sim esse governo é culpado.
A falta de gestão administrativa somada à nomeação de um primo – que jamais seria demitido para evitar um problema no seio familiar -, joga nas costas do governador a culpa da crise hídrica.
O sonho da reeleição começa a afundar num mar de erros administrativos e de escolhas equivocadas de Rodrigo Rollemberg. Até porque, conforme a respeitada e comprovada sabedoria popular, não se deve contratar quem não pode ser demitido.
Nas rodinhas dos aparentados o que mais se comenta é que, no próximo almoço em família, Rollemberg dirá algo do tipo ‘falha nossa; falta de água na torneira tem culpados’.