José Escarlate
O general Gustavo de Moraes Rego, amigo de Figueiredo e que chefiou o Gabinete Militar de Ernesto Geisel, reconheceu que depois das cirurgias, “o João se desinteressou de governar. Pesquisando sua agenda, dá para perceber que seu ritmo de trabalho diminuiu”. Cardiologistas explicam que há casos de mudança de personalidade, com relação aos safenados.
“Em verdade – adianta Moraes Rego – ele já não tinha muito apetite. Havia chegado onde queria. Como bom cavalariano, fez a pista toda de obstáculos sem falta. Não via a presidência como um começo e sim como fim, o coroamento de uma carreira militar de sucesso. Quem conheceu bem o João sabe que ele não tinha a ambição de ser um grande governante”.
No seu estilo franco, Moraes Rego disse que “o que comprometeu a imagem do Figueiredo foi o Said Farhat querer mudar a sua imagem. E o João se deixou levar… Pagou o ônus”. E assinala: “Uma pessoa que há mais de 40 anos é de um jeito e, de repente, querem que ela seja diferente para ficar bem com a imprensa, é jogo pesado. A jogada do Farhat causou foi um prejuízo tremendo ao Figueiredo”.