Déjà vu
‘Farsa do STF repete filme de grupo golpista’
Publicado
emO Brasil vive um clima de total desarmonia entre os três Poderes da República. Existe uma convicção no âmbito da Suprema Corte de que é legítima a intervenção do Judiciário nas atribuições constitucionais dos outros Poderes, à medida que entenderem que as políticas públicas garantidas na Constituição não estão sendo atendidas a contento. A grande farsa está exatamente na interpretação facciosa da Carta Magna, muitas vezes ao sabor de interesses pouco republicanos, bem como nas ações do legislativo e do judiciário no sentido contrário a essas políticas.
A crescente interferência nos atos privativos do Executivo afronta seriamente a teoria da separação de poderes. Se nada for feito estarão, em breve, interferindo nas ações, nos currículos das escolas de formação e nas promoções, no âmbito das Forças Armadas, a exemplo da Venezuela, como lamenta o documento de auto-crítica do Partido dos Trabalhadores.
Essa intervenção direta e explícita, agenda constante das manifestações populares, não encontra a mesma reação do Legislativo, devido à cumplicidade existente entre ambos na defesa de interesses promíscuos próprios, dos seus padrinhos ou de patrocinadores, aliados e empenhados na luta pela destruição do governo que os afastou do projeto de poder planejado no Foro de São Paulo.
Aproveitando-se da convulsão nacional causada pela pandemia e movidos pelo desespero, esses inimigos do Brasil estão promovendo, com forte pressão da mídia desmamada, uma grande escalada contra o país e a democracia.
A mais recente investida se dá a partir da enigmática demissão do ministro Sérgio Moro que, em poucas horas, semeou a dúvida nos mais fiéis apoiadores do presidente e admiradores do ex-juiz, enganados pela falácia mansa e desleal do ídolo de barro, manchando indelevelmente sua biografia.
Sua atitude certamente encheu de munição a defesa do ex-presidente Lula, que deverá voltar à carga com os pedidos de habeas corpus pela suspeição do ex-juiz, ex- ministro e ex-herói nacional.
Dentre outras denúncias, Moro deixou o governo acusando Bolsonaro de querer substituir o Diretor da PF para intervir politicamente naquela instituição, a fim de obter informações sobre investigações em curso.
O delegado Ramagem, indicado para ser o diretor da Polícia Federal, é simplesmente o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência e preenche todos os requisitos para o cargo.
Foi designado pela própria Polícia Federal para realizar a segurança do candidato Jair Bolsonaro, tornando-se amigo da família.
Na quarta, 29 de abril, atendendo à ação movida pelo PDT, que declara “ilegalidade” na nomeação, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liminar suspendendo a posse de Ramagem, alegando “desvio de finalidade do ato presidencial, em inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público”.
Déjà vu: tenho a sensação de que assisti a algo semelhante no passado recente.
Amigo do presidente Temer, o professor e jurista Alexandre de Moraes foi nomeado ministro da Justiça e, logo em seguida, insinuou ter informações privilegiadas sobre a operação Lava Jato, referindo-se à iminente prisão preventiva do ex-ministro da Fazenda Alexandre Palocci. Percebendo o erro cometido, justificou-se dizendo ser apenas uma “força de expressão”.
Mais tarde, não se furtou ao ser indicado para o cargo de ministro no STF até 2043, mesmo tendo defendido anteriormente a tese de que detentores de cargos de confiança no Executivo não deveriam ser designados para vaga no Supremo Tribunal Federal, para não comprometer a independência da corte; defendeu, também, que o mandato daqueles ministros deveria ser limitado a 12 anos.
Como ressarcimento do favor recebido, negou o seguimento de dois mandados de segurança que pediam para determinar ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o andamento dos pedidos de impeachment do presidente Michel Temer.
Que atire a primeira pedra o ministro da Suprema Casa da Mãe Joana que não tenha ali chegado por obra e graça de um “amigo” ou cliente ou até por nepotismo.
Afinal, o princípio ético a nortear as ações do Judiciário, ao invés do atual “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, deveria ser aquela máxima expressa no discurso de sabatina de Rodrigo Janot no Senado Federal, em 2015, antes de assumir a Procuradoria-Geral da República: “Pau que dá em Chico dá em Francisco”.
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos