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Fãs querem vestir fardão da ABL em Renato Russo

Carolina Paiva

Está sendo desenhada uma campanha para fazer de Renato Russo um imortal da Academia Brasileira e Letras. A iniciativa é de fãs clubes de Brasília, que estaria se estendendo ao Rio de Janeiro, São Paulo e outros grandes centros urbanos. Se a proposta for aprovada,  o fardão será outorgado a título post mortem.

A ideia de uma cadeira na ABL para Renato Russo surgiu após tese de doutorando de Julliany Mucury. Ela é graduada em Letras pela Universidade de Brasília e tem mestrado em Literatura Brasileira pela mesma UnB. E é nessa UnB, onde participa do Grupo de Pesquisa Poéticas Contemporâneas, que Julliany defende a tese de doutorado em cima da vida de Renato Russo.

A doutorando é objetiva. “A gente tem que valorar a opção que a gente faz na academia, até porque a minha proposta de uma linha, de um eixo de pesquisa que a Silvia (Helena Cyntrão, orientadora dela na tese) defende há muitos anos que é a gente olhar a letra de canção com valor estético. Então é provar que o Renato Russo construiu uma história escrita para se valorar também enquanto autor”, afirma.

Na avaliação de Julliany, Renato Russo queria ser lido. Ela revela que cresceu ouvindo Renato Russo. A partir daí, diz, “não é só você ser fã do Renato Russo. Ser um legionário. É você acompanhar toda a trajetória poética, de criação de letras de canções muito profundas e representativas de quem nós somos em Brasília, porque ele está vivo com a cidade. Eu sinto o Renato pulsar em cada esquina. Eu vejo as pessoas cantando Renato Russo ainda. Isso persiste. Isso insiste”, sentencia.

O certo é que a doutoranda ficou com essa “ressonância” dentro dela até se decidir pelo desenvolvimento da tese. Para encorpar a decisão, ela sustenta que Renato Russo está vivo também como poeta. Porém, segundo Julliany, quando se aprofunda na história da vida de Renato Russo, descobre-se que ele é muito mais que isso.

– Quando se lê Renato, não se passa incólume do Renato. É um propensão dele se jogar nesse eu em colisão consigo mesmo, que é o título da minha tese; é um sujeito em colisão com ele mesmo. Então é o Renato o tempo todo se provocando e provocando a gente nesse pensamento profundo. Tempestade, por exemplo, é muito doloroso. Eu passei dias assim, lendo e ouvindo e prestando atenção naquilo. É de uma profundidade poética perturbadora.

A tese da doutoranda Julliany está saindo em prosa e verso. Ela não fala, ao que se saiba, em cadeira na ABL. Mas, no que depender dos fãs, o fardão já está pronto.

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