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Fatos contra operadores do ódio inutilizam quaisquer argumentos

A Justiça tarda, mas não falha. Demorou, mas o cerco está se fechando contra os comandantes do ódio, da ignorância e do frustrado golpe de 8 de janeiro do ano passado. Dirão as viúvas mal-amadas do bolsonarismo que é perseguição. Digo que não, porque, ainda que fosse, como explicar perseguição a quem viveu (e vive) para perseguir. No máximo, um justo, coerente e necessário acerto de contas. Dirão também que Luiz Inácio Lula da Silva é o principal culpado pelo inferno astral da família e do entorno do ex-presidente. Mais uma vez digo que não. Ao contrário do que queria Jair Bolsonaro – talvez tenha conseguido por um tempo -, Lula não tem qualquer ingerência sobre a Polícia Federal. Se tivesse, boa parte das viúvas que amam odiar os diferentes já estaria recolhida à Papuda.

Aliás, nenhum ex-presidente da República – exceção para o citado estagiário de ditador – ousou comandar paralelamente a PF. Se ousasse, certamente alguém com um pouco mais de tutano atravessaria o caminho da excelência da época para informá-lo sobre os perigos que a empreitada representaria mais adiante. Está aí o resultado. Será que a família ou seguidores das arapongas da Abin um dia acharam que Alexandre Ramagem e seu séquito seriam eternos à frente da Polícia Federal? Pelo nível de arrogância da turma, provavelmente sim. O que eles não esperavam era a derrota do golpe, consequentemente que a fanfarra golpista terminasse entubada.

Diante da derrocada do castelo de areia do bolsonarismo, resta a certeza de que, no fim de outubro de 2022, os brasileiros saíram de Bolsonaro, mas Bolsonaro não quer sair dos brasileiros. Na linguagem da espiritualidade, tudo indica que se trata de um karma adquirido no crédito pela sociedade minoritariamente raivosa, mandona e perigosa. O problema é que, não fosse a vitória da democracia, a cobrança a toda população ordeira e honesta seria no débito, isto é, imediata. Hoje, estaríamos sem o direito constitucional de ir e vir com tranquilidade, sem liberdades e eternamente em dívida com os governantes. Estaríamos fadados a um silêncio inocente, cruel e aterrorizante.

Perdão pelo desabafo, mas Jair Bolsonaro é cria da aristocracia maldosa e que, desde o início do governo extremista à direita, defendeu a fogueira para a reputação das pessoas e políticos que incomodavam o Gabinete do Ódio, liderado por Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro, mas habitué de Brasília, mais especificamente do Palácio do Planalto, de onde operava o conclave responsável pela destruição física, emocional, social e política dos antagônicos. Marielle Franco não teve tempo de contar o que sabia. Lamento pelos cariocas, que pagavam régia e grandemente a um vereador para descumprir seu compromisso com o povo local, na medida em que dava expediente diário em Brasília. Ou seja, às favas com os escrúpulos.

Chamadas de pé de página nas capas dos jornais nacionais revelam que o ex-presidente Bolsonaro repudia “narrativa” contra Alexandre Ramagem no grampo da Abin. Tudo dentro da normalidade. Anormal seria ele confessar que o atual deputado pelo PL do Rio prevaricou a seu pedido. Enfim, a conta chegou. E parece bem mais salgada do que imaginavam os mais céticos. Sem os louvores do passado recente, agora a turma do ódio terá de dançar conforme a música. Diante das novas luzes escancarando as atrocidades do grupo, o burburinho entre os golpistas deve estar soando mais forte do que o ritmo acelerado da Dengue na Capital da República. É a prova de que nem tudo está perdido. Finalmente, a justiça dos homens começa a dar as respostas esperadas há pelo menos um ano e meio. Dificilmente encontrarão argumentos contra os fatos publicados. Sobre a justiça divina, os primeiros sinais foram dados no dia 30 de outubro de 2002, às 21 horas, quando o TSE assegurou a vitória de Lula em segundo turno.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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