O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem uma perspectiva otimista pela frente. Segundo ele, o Brasil será o maior abastecedor de alimentos do mundo. Falando ao grupo Lide Brasília, que reúne empresários de diferentes setores, ele destacou que essa é a grande vocação do País, em uma defesa do papel do agronegócio na economia nacional.
“Qual a grande vocação brasileira? Produzir alimentos. Ser o supermercado do mundo”, definiu, no almoço-debate promovido pelo Lide Brasília, grupo empresarial liderado pelo empresário e ex-senador Paulo Octávio, que se reuniu no Lago Sul. “Descobrimos a vocação do nosso povo e a tecnologia permitiu que ocupássemos corretamente o nosso território. Viramos um grande celeiro da produção de alimentos”, avaliou Fávaro, destacando o trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para o ministro, o País está pronto, agora, para uma nova fase. “E com uma grande diferença: não precisamos mais que isso seja feito sob a floresta, com desmatamento. Isso não se faz necessário”, definiu. “Temos gente vocacionada a lidar com a terra, equipamentos, máquinas de última geração, pesquisas, sementes, fertilizantes e insumos de altíssima qualidade, que nos permitem ser grandes produtores. São esses os grandes ativos brasileiros”, definiu.
Clima
A questão climática e as enchentes no Sul também foram lembradas pelo ministro da Agricultura, que destacou que nenhum atributo nacional é maior do que o clima. “De nada adianta ter todos os outros ativos se tivermos um deserto? O Rio Grande do Sul, que precisa de toda nossa dedicação e solidariedade, vem de três secas consecutivas e, no mesmo ano, três enchentes, essa a mais devastadora de todas. São as mudanças climáticas buscando o que foi tomado. O clima é um ativo fundamental para que o Brasil tenha sua vocação com continuidade e com segurança. É nosso dever deixarmos, para as próximas gerações, condições de continuarmos produzindo, vivendo em harmonia e no respeito ao meio ambiente”, sublinhou.
Carlos Fávaro disse ainda que não deve faltar arroz nas prateleiras dos supermercados. Segundo ele, embora as enchentes tenham afetado a produção no Rio Grande do Sul, mais de “80% das 100 milhões de toneladas do grão produzidas no País já estavam polidas antes das adversidades climáticas”. Atualmente, 70% do arroz consumido pelos brasileiros são de territórios gaúchos, 15% de Santa Catarina e o residual é espalhado por outras áreas.
O ministro criticou as notícias falsas e a especulação, que levaram a um aumento abusivo nos preços. “Diante da especulação, de tanta maldade e das fake news de que iria faltar arroz, os preços aumentaram de 30% a 40%. Um absurdo. Então, para acalmar o mercado, estamos abrindo o edital de importação”, completou.
O Brasil, segundo ele, é uma potência graças ao seu sistema sanitário. Posso dar exemplos: há cinco dias, quatro países não tinham casos de gripe aviária: Nova Zelândia, Austrália, Paraguai e Brasil. O Paraguai é um plantel relativamente pequeno. Nova Zelândia e Austrália, isolados com menor risco de contaminação. E o Brasil, no centro do mundo, que consegue se superar. Há cinco dias, houve caso na Austrália e, hoje, são apenas três países do mundo sem casos. É competência de um sistema muito eficiente, com régua alta, de controle”, comentou.
Em seu balanço dos 500 dias à frente do Ministério da Agricultura, Carloa Fávaro falou ainda das dificuldades de crédito. “Por incrível que pareça, não havia linhas de crédito disponíveis para os produtores em janeiro de 2023. E o novo plano safra seria só iniciado em junho passado. O que fazer? Criamos uma linha de crédito inovadora, dolarizada, para todos os produtores. Pela primeira vez, oficialmente, o Brasil teve uma oportunidade de linhas de crédito dolarizadas para o agronegócio, com juros internacionais muito abaixo do juro proibitivo que temos no sistema brasileiro”, comentou.
“Isso deu, então, vazão às oportunidades. Nada menos que R$ 8 bilhões foram tomados nessa linha de crédito, com zero de intervenção do orçamento público, com juros que ficam em torno de 8% ao ano. É o maior plano safra da história, com R$ 440 bilhões. A Confederação Nacional de Agricultura fez todos os seus estudos e nos ajudou muito, mostrando quais eram as demandas naquele momento. Fizemos um plano quase 10% maior que o da CNA. Esse plano vem alavancando e gerando crescimento da agropecuária, apesar das adversidades climáticas e dos preços das commodities achatados. Resultado: o saldo da balança comercial brasileira em 2023 foi de quase R$ 100 bilhões, recorde absoluto, muito disso puxado pela agropecuária”, destacou.
No primeiro quadrimestre deste ano, o Brasil estabeleceu recorde das exportações, puxado pelo setor. “Fruto de um trabalho intenso, de reconectar o Brasil às boas relações diplomáticas, às boas relações de amizades. O presidente Lula fez 20 viagens internacionais nesse período e abriu as oportunidades. E eu fui atrás e fiz outras 20 viagens com delegações de empresários, para que nós pudéssemos fazer isso e reverter as oportunidades comerciais”, destacou.
Isso abriu mais mercados para a agropecuária brasileira, em 500 dias. “São 51 países com os quais não tínhamos relações comerciais. Há 20 anos, lutávamos pelo mercado da carne bovina e suína para o México. Um mercado consumidor do tamanho do Brasil, que comprava quase exclusivamente nos Estados Unidos e Canadá, pagando mais. Desde fevereiro de 2023, estamos vendendo carne bovina e suína para o México”, comentou.
Outro caso emblemático é o da venda de carne de frango para Israel. “Se Israel não é um grande player do mercado, é o maior consumo per capita de carne de frango do mundo, com 67 quilos por pessoa. E é o mais remunerador de todos. Sabe quantos países do mundo vendem carne de frango para Israel? Só o Brasil. Uma grande oportunidade”, destacou. “Conseguirmos, com nosso sistema, nos credenciarmos ao abate kosher. A partir de agora, todo judeu do mundo, quando alguém encontrar uma bandeja com carne de frango brasileira com o símbolo kosher, vai ter sua segurança religiosa atendida. E o Brasil passa a vender com preferência para todos os judeus do mundo inteiro. Veja a dimensão dessa abertura de mercado”, disse.
Para o presidente do Lide Brasília, Paulo Octávio, o agronegócio é cada vez mais relevante para a economia do Brasil e do Distrito Federal e se destaca como gerador de negócios e oportunidades. “O setor tem mostrado força e importância para a economia local. Temos muito a fazer e a aprender, especialmente no que diz respeito à tecnologia, que tem sido essencial para o avanço do agronegócio e precisamos estar atentos a isso”, ressaltou.
Ele também lembrou o desenvolvimento agrícola da capital nestes 64 anos. “O tempo passou e a gente foi mostrando que tudo é possível. Brasília trouxe o avanço da região Centro-Oeste, desenvolveu a região e trouxe o agronegócio. Hoje, o cerrado brasileiro é grande produtor. No último sábado, fui à AgroBrasília, que teve R$ 5,1 bilhões em negócios. É um número extraordinário. Isso mostra a força de Brasília”, destacou o presidente do Lide Brasília.