Notibras

‘Fé do dinheiro’ garante o menos mal a Bolsonaro

A maioria dos que consideram o governo do presidente Jair Bolsonaro bom e ótimo são ligados às religiões de matrizes capitalistas, aquelas administradas pelos corretores da fé, os grandes empresários travestidos de pastores.

Para essa casta da sociedade, a ignorância é a matéria prima manufaturada que garante lucros, poder e influência. A grande maioria de seus seguidores são facilmente levados a caminhar pela prancha, com venda nos olhos, até a boca do tubarão.

Doutrinados a temerem o invisível e o subjetivo através da expressão do grito, não possuem formação pedagógica religiosa, por isso não conseguem perceber que são massa de manobra de uma elite perversa.

Prova disso está no discurso homogêneo e simplista, característica desse segmento religioso, que não é capaz de associar criticamente a sua realidade com o momento político, só reproduz clichês de apoio a Bolsonaro, justamente aquele que representa o oposto da base cristã.

Os números mostram que as igrejas do movimento denominado neopentecostal, como a Universal, Assembleia e outras, possuem uma bancada considerável no Congresso Nacional e em todas as outas Casas Legislativas, o que garante que suas pautas e reivindicações sejam atendidas e, em contrapartida, votam com o governo e estão, permanentemente, em campanha para a reeleição do presidente.

Essa corrente neofundamentalista abriga grupos que instrumentalizam a fé para praticarem violência, corrupção e intolerância religiosa. A deputada federal Flordelis, pastora e cantora gospel é acusada de ter assassinado o marido; o pastor Everaldo, que batizou Bolsonaro, está preso por desvio de milhões da área da saúde do Rio de Janeiro, em plena pandemia.

Sem generalizar, nem todos os evangélicos são alienados politicamente, nas redes sociais existem grupos como os “Evangélicos de esquerda”, formado por membros conscientes de suas representatividades, não susceptíveis às armadilhas politiqueiras que aproveitam a fé religiosa para professar a mentira, corrupção e a manutenção do status quo.

*Ricardo Mezavila é cientista político

Sair da versão mobile