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Semana Santa

Fé sem fronteiras une nordestino em Jesus Cristo

Publicado

Autor/Imagem:
Acssa Maria - Foto Editoria de Artes/IA

No sertão do Nordeste, a fé tem muitas cores, sons e sabores. Durante a Semana Santa, o sagrado e o profano se entrelaçam como num cordel bem rimado, contando a história de um povo que fez do sincretismo religioso uma forma de resistência e identidade. A mistura de crenças não é motivo de conflito, mas sim de enriquecimento, criando uma espiritualidade vibrante que se manifesta nos rituais, nas canções e nas celebrações.

Na quinta-feira, os fiéis católicos encenam a Paixão de Cristo nas praças, enquanto as mães de santo preparam suas oferendas nos terreiros. No mesmo bairro, há quem reze o terço e quem toque atabaques para chamar os orixás.

No silêncio respeitoso das igrejas, o cheiro da cera queima como incenso, e nos terreiros, as velas acesas iluminam os pedidos de bênção e proteção. Alguns devotos percorrem longas distâncias em romarias, carregando cruzes e promessas, enquanto outros dançam sob o toque dos tambores, saudando forças ancestrais que também protegem e guiam.

Na sexta-feira da Paixão, o jejum é sagrado para muitos, mas também é dia de preparar o peixe na panela de barro, servido com pirão e devoção. A fé está na reza e no prato, no ritual e na partilha. Entre procissões e rodas de capoeira, a Semana Santa no Nordeste é um espetáculo de contrastes e harmonias, onde cada crença encontra seu espaço sem precisar apagar a do outro.

As ruas se enchem de dramatizações e promessas pagas com pés descalços, ao mesmo tempo em que, nos terreiros, os tambores marcam rituais de saudação aos espíritos e entidades protetoras. O divino se manifesta de muitas formas, e todas elas encontram eco no coração dos fiéis.

E no domingo de Páscoa, quando o Cristo ressuscita, há festa nos altares e nos terreiros, porque, no fundo, todos celebram a mesma esperança: a renovação da vida, a força do sagrado e a beleza de uma fé que não se divide, apenas se transforma.

Em meio às bênçãos, há sorrisos e abraços trocados, pois, seja no altar da igreja ou na roda de jongo, o que importa é a conexão com o divino e com a comunidade. No Nordeste, a fé não tem fronteiras: ela se molda, se mistura e floresce, como um mandacaru que resiste à seca, sempre pronto para florescer no tempo certo.

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