Um estudo do Imperial College de Londres define duas estratégias para o combate ao coronavírus: mitigação e supressão. A mitigação tentaria retardar o pico da epidemia com medidas de redução de contato, mas pretenderia atingir o fim dela apenas quando o conjunto da população estivesse naturalmente imunizado.
A supressão visa barrar o contágio. A medida central para essa estratégia é a testagem de toda a população e a quarentena não apenas dos portadores com sintomas mas também dos portadores assintomáticos.
O texto do Imperial College não chega a amarrar esta questão, mas elogia bastante o procedimento na Coreia do Sul, que teve essa medida no centro do enfrentamento ao vírus. Israel está sendo um exemplo de combate ao vírus .
O estudo do Imperial College demole a estratégia de mitigação ao fazer a avaliação estatística de que a sua aplicação teria como consequência 500 mil óbitos no Reino Unido e mais de 1 milhão nos Estados Unidos.
Depois da sua divulgação, Boris Johnson e Donald Trump passaram a dizer que estavam praticando a supressão, embora resistindo bastante a tomar as medidas concretas necessárias, especialmente a testagem de toda a população e a quarentena obrigatória para os portadores assintomáticos.
Importante observar que na China a quantidade de casos, apesar de grande em termos absolutos, atingiu apenas 56 pessoas por milhão de habitantes.
Na Coreia do Sul, a pandemia – embora ainda não inteiramente contida – atingiu 169 casos por milhão, enquanto na Itália está em 679 casos por milhão e na Espanha em 427 casos por milhão.
Aqui no Brasil, os governadores estão tentando minimizar a posição da OMS, e da Coreia, dizendo que não é uma posição realista para o Brasil. Realmente, não temos nem de perto a quantidade de testes necessários para as providências devidas. Mas isso, em minha opinião, não deve alterar a definição da estratégia.
Temos que nos colocar a questão: o que é preciso fazer para ter a quantidade de testes necessária?
O Ministério da Saúde anunciou a encomenda de 2 milhões e 300 mil testes à Fiocruz e a Anvisa liberou oito novos testes para a produção também pela iniciativa privada. Mas ainda são medidas tímidas diante da realidade da pandemia.
Em minha opinião não deveríamos, ao defender a estratégia de supressão e a testagem de toda a população, nos chocar frontalmente com o ministro Mandetta. Ele está fazendo um trabalho esforçado, frequentemente sabotado pelos governadores candidatos a presidente da República e tem um reconhecimento da população e dos profissionais de saúde por isso.
Defendo que devamos ter uma postura construtiva, afirmando que a testagem universal vai ser necessária e temos que ver os obstáculos para multiplicar muito a quantidade de testes disponíveis e enfrentá-los de frente, tanto pelo aumento da produção interna, quanto pela importação.
Teremos grandes embates contra a pandemia nas próximas semanas, é provável um severo agravamento da crise e este nos parece o caminho para derrotar a Covid-19 com o mínimo de danos para a nossa tão sofrida população.
Se mantida a atual política adotada pelos governadores iremos entrar em colapso econômico total, com recessão, desemprego em massa e fome. Além de aumento da criminalidade e até saques pelo país a fora. Fechar tudo não resolve nada. Tem que isolar os contaminados. Ponto final.