Felipe Meirelles
Não é fazendo ameaças intempestivas e descabidas que o novo ministro da Justiça silenciará a Força Tarefa da Operação Lava Jato. O recado foi dado por um grupo de delegados e agentes federais, neste sábado, 19, ao subprocurador Eugênio Aragão, que assumiu a cadeira de Wellington César Lima e Silva, procurador como ele, impedido de ocupar o cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal.
A reação dos policiais federais veio a propósito da ameaça de Aragão: “Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Cheirou. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe”, enfatizou o ministro em entrevista à Folha de S.Paulo.
Porém, no âmbito da Polícia Federal, ninguém aceita ser ‘emparedado’, segundo confidências feitas a Notibras por um grupo que, mesmo à distância, apoia as investigações sob o comando do juiz Sérgio Moro. “Respeitamos a figura do ministro, mas não somos obrigados a silenciar mediante atos arbitrários”.
– Ele (Aragão) faz lembrar a época em que jogavam cidadãos nos porões da ditadura. Foi-se o tempo da truculência e do autoritarismo, indicaram representantes da Polícia Federal.
Respondendo ameaça com ameaça, esse grupo se pergunta como ficaria a situação de Eugênio Aragão, se viessem à tona datas, horários e teor de conversas do agora ministro da Justiça com José Dirceu, quando o ex-chefe da casa Civil de Lula estava em uma cela da Papuda, em Brasília, condenado pelo mensalão.
Segundo gente da Polícia Civil de Brasília, que à época estava lotada no Complexo Penitenciário da Papuda, muitas das passagens de Aragão àquela casa de detenção para se avistar com José Dirceu, foram ilegais.
“O ministro sabe disse – sustentou um informante com livre trânsito nos corredores da Secretaria de Segurança e Paz Social -, e visitar réu do mensalão, e agora da Lava Jato, sem que seja advogado de defesa, é coisa difícil de explicar”.