Uma feira de alimentos orgânicos, em Brasília, abriu neste domingo (24) a 11ª edição da Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos. Quem foi ao Parque da Cidade pôde experimentar saladas e frutas e comprar mel, verduras, café, frango e doces produzidos sem agrotóxicos ou adubos químicos. A iniciativa, do Ministério da Agricultura, ocorre até o próximo dia 31 no Distrito Federal e em 21 estados.
A meta é levar informações à população sobre os orgânicos e incentivar o consumo. “Queremos falar direto com o consumidor, mostrar o que está por trás do produtor orgânico. Muitas vezes, ele é associado apenas ao produto sem agrotóxico, mas é mais do que isso. É todo um trabalho relacionado com a natureza, os recursos naturais, a relação com os empregados e a biodiversidade”, explicou o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Rogério Dias.
Para ele, a demanda por esses alimentos está crescendo. O mesmo efeito ocorre com as pessoas que se dedicam à produção. De 2013 a 2014, houve aumento de 51% no número de produtores orgânicos no Brasil. “Quanto mais os consumidores entendem o que é e valorizam o produto orgânico, mais os produtores se animam a produzir”, observou.
Dados do Ministério da Agricultura mostram que a área de orgânicos no Brasil abrange 750 mil hectares, contando com mais de 10 mil produtores e aproximadamente 13 mil unidades de produção.
Aproveitando o domingo de tempo bom, o engenheiro José Eduardo Vaz caminhava no Parque da Cidade, e, ao ver a feira de produtos orgânicos, decidiu parar. Ele conta que conversou com produtores e entendeu melhor a visão e o método de quem produz. “Não me atrai tanto esse nome orgânico porque não entendo bem como posso identificar se, de fato, é um produto orgânico. Cheguei, comi uma pera e uma tangerina e acabei conversando com pessoas que têm uma visão distinta do predador, que pensam construtivamente”, relatou antes de ir para casa levando frutas e café orgânico.
O produtor orgânico de café, frango e gado Carlos Caetano considera que ainda é preciso esclarecer os consumidores sobre o que diferencia os produtos orgânicos dos demais, para ampliar o consumo. Segundo ele, o mercado de orgânicos no país está em expansão com um crescimento de cerca de 20% por ano e isso se deve ao aumento do interesse por uma alimentação saudável. “As pessoas estão percebendo que a alimentação natural faz com a saúde melhore.”
O preço dos alimentos orgânicos, superior ao dos demais, ainda é uma reclamação frequente dos consumidores, mas o coordenador do ministério da Agricultura ressalta que é preciso levar em conta que esse é um produto diferenciado. “Não dá para ter um produto diferenciado em que você tem que adotar uma série de técnicas que acabam encarecendo e achar que isso pode não aparecer o preço”, explica Rogério Dias. Ele, no entanto, diz que com o aumento de políticas públicas para o setor é possível que os custos caiam.
O produtor Carlos Caetano argumenta que o preço mais alto é compensado pela vantagem de se ter na mesa um alimento saudável. “O fato de o alimento orgânico ser um pouco mais caro compensa o gasto que você tem na saúde. Você acaba gastando com a saúde o que não gastou com a compra do alimento”, pondera. Carlos também alerta que é preciso convencer o Poder Público a investir mais na pesquisa para reduzir o custo de produção.
Para ser considerado orgânico, o alimento deve ser produzido de acordo com os princípios agroecológicos que contemplem o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
Yara Aquino, ABr