Lâmina
Felipe Antunes lança novo álbum-livro, gravado em Portugal
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emNo princípio, veio a lâmina. Cruel, cortante, arregaçando a carne de cima para baixo. Assim era “Lâmina”, a estreia de Felipe Antunes como artista solo – ele integra também o inventivo, melódico e duas vezes indicado ao Grammy Latino trio Vitrola Sintética. Ali, estava exposto, aberto, delicadamente (e assustadoramente) desprotegido. Ainda aberto, e agora cru, Antunes tem seu segundo trabalho lançado. Como o antecessor, trata-se de um álbum-livro (um disco acompanhado de uma publicação com letras e poemas).
“Cru” é o nome do novo trabalho de Antunes e também de canção de “Lâmina”, gravada da maneira mais lo-fi possível, em uma fita cassete. Agora, a versão em estúdio tem a participação de Tjalle Rens, um violoncelista holandês que ele conheceu sem querer, momentos antes de iniciar uma apresentação em uma sauna em Amsterdam – sim, a história beira o surrealismo. Tjalle se apresentou, propôs improvisar algumas linhas de violoncelo para acompanhar Antunes naquela apresentação de voz e violão. Deu tão certo que seguiram em turnê pela Europa e gravaram Cru (a faixa, de novo, e o álbum), em Portugal.
Cru, o disco, é um trabalho refinado. Se em Lâmina o importante era a exposição rasgada pela lâmina metafórica (ouça Pretensão e tente não chorar), aqui Felipe quer expandir suas temáticas. “É um álbum mais abrangente”, ele concorda. “Trago (neste novo disco) mais questões, mais temas transcendentais, algo entre o sagrado e o profano.”
É um trabalho, como Antunes diz, “pós-exposição”. A partir dali, aberto, ele está disposto a escancarar uma parte da sua personalidade artística. Cru dialoga esteticamente e tematicamente com Lâmina – e isso é fundamental. É um belo retrato de um artista em constante movimento, sem esquecer o caminho percorrido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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