Estamos praticamente com um pé em 2024. E não custa lembrar que esse não é um ano qualquer. Até pode parecer para nós brasilienses, que não temos eleições municipais. Mas o Brasil vai estar (ou já está) em ebulição política.Em todo o restante do Brasil, é ano de eleições para prefeitos e para vereadores.
Não custa lembrar que, em boa medida, são essas eleições que definem quem serão os deputados federais eleitos em 2026. Ou até os senadores.
Ninguém imagine que as eleições se dão com base em debates ideológicos. Que os eleitores têm clareza de a quem servirão, no Congresso Nacional, os mandatos dos deputados e senadores que terão os seus votos.
As escolhas dos candidatos de grande parte dos brasileiros passam muito longe disso.
Um porcentagem considerável deles segue a orientação principalmente de pastores. É o “voto no irmão” que define a força da “bancada evangélica”.
Outros milhões de brasileiros são seduzidos por argumento como “este é o candidato de nossa cidade”. Precisa traduzir? É o candidato com força política na cidade, o que tem mais recursos para ali investir na eleição. Na quase totalidade, grandes produtores rurais que se unirão na fortíssima “bancada ruralista”.
Quem acompanha o funcionamento da Câmara sabe que as duas bancadas (evangélica e ruralista) costumam decidir conjuntamente quais as matérias que aprovam e quais as que rejeitam. Um comportamento que jamais é compartilhado com os seus eleitores.
Ao menos em cidades médias e menores, cada vereador conta com os seus eleitores habituais, com os quais mantém alguma intimidade. O apoio de um conjunto de vereadores (em várias cidades de uma mesma região, por exemplo) pode tornar quase garantida a eleição de um deputado estadual ou federal. Há muitos vereadores que chegam a negociar os votos desses “currais eleitorais” a troco de compensações inclusive financeiras.
É desnecessário dizer que esses votos nada têm de ideológicos e são eleitores que não acompanham a ação parlamentar do deputado que tenham ajudado a eleger.
Não é por acaso que as bancadas de direita de deputados e senadores se movimentaram e asseguraram uma polpuda parcela do orçamento da União para despejar em suas bases eleitorais. Aumentaram o Fundo Eleitoral de R$ 939,3 milhões para nada menos que R$ 4,9 bilhões. Vão também direcionar emendas (individuais, de bancadas estaduais e de comissões) no montante de R$ 53 bilhões.
Para isso, sacrificaram os investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC, que servem para o presidente da República cumprir as suas promessas de campanha. O total do PAC terá R$ 5 bilhões a menos que os recursos à disposição de deputados e senadores.
Não bastante, outros tantos milhares de votos em deputados e senadores são atraídos por operosos “cabos eleitorais”. É aí que entram os prefeitos e vereadores. São 5.566 prefeitos e mais de 58 mil vereadores. Já se vê que é limitado o número de eleitores que se pode alcançar em campanhas politizadas, ideológicas.
Mas, por isso mesmo, não é hora de cruzar os braços. Cada vereador ou vereadora eleito com argumentos efetivamente políticos é uma imensa vitória. Além de influir na qualidade da representação municipal, pode assegurar um resultado diferenciado nas eleições para deputados federais e senadores em 2026.
Portanto, é claro que lhe desejo um feliz 2024. Mas, convenhamos, não dá pra manter a situação atual, em que temos a pior composição de Congresso Nacional da História.
Se queremos mudar isso, vamos tentar, na eleição do próximo ano, criar condições para eleger vereadores e prefeitos comprometidos com isso. Um luta, aliás, que vale também para os eleitores do Distrito Federal. Não há eleição aqui, mas podemos ajudar nas eleições de outros estados.
Por isso, não tenho dúvidas, é o momento de desejar Feliz 2026!