Mariana Alves, Edição
A Festa Literária Internacional de Paraty celebra a vida e a obra de Lima Barreto. A mesa inaugural, Lima Barreto: Triste Visionário, leva o mesmo título da cuidadosa biografia que Lilia Moritz Schwarcz lançou recentemente – a historiadora faz a conferência de abertura acompanhada por Lázaro Ramos, que lerá trechos da obra do homenageado, com direção de cena de Felipe Hirsch. A mesa começa às 19h15, com transmissão ao vivo pelo site oficial da Flip. Em seguida, o pianista e compositor André Mehmari apresenta um trabalho inédito, a Suíte Policarpo, inspirado no mais famoso personagem criado por Barreto.
Na quinta-feira, às 12h, um painel debate o lugar do escritor no cânone da literatura brasileira. Na sexta, 28, também ao meio-dia, o caráter “moderno antes dos modernistas” de Lima está em debate na programação principal, e, às 15h, será discutida sua relação íntima com os subúrbios – tanto das cidades quanto da Academia e dos espaços oficiais.
O que se antevê para essa Flip é um homenageado muito mais presente, nos debates e no espírito da Festa, do que em outras edições recentes – isso porque, também, muitos dos temas de Lima Barreto seguem atuais e urgentes para a sociedade. A pedido do Estado, convidados brasileiros da programação oficial da Flip – um misto de especialidades, idades e origens – responderam às seguintes perguntas: “Por que é importante ler Lima Barreto hoje?” e “Quem é Lima Barreto para você?”. Nesta página, estão alguns trechos das respostas.
“Lima Barreto sempre nos surpreende pelo que parece ser a sua extrema atualidade. Claro que, se tomarmos o termo ‘atual’ literalmente, seria preciso lembrar que esse foi um escritor imerso no contexto em que conviveu: o momento da pós-abolição, que prometia tanta liberdade mas apresentou os mesmos clientelismos e hierarquias já antes conhecidos; o período da Primeira República, que advogou a inclusão, mas entregou a exclusão social.”
Lilia Moritz Schwarcz
HISTORIADORA
“O resgate de um autor hoje desconhecido é fruto desse tempo em que a gente vive. Um tempo de difícil diálogo, mas, ao mesmo tempo, várias vozes apareceram.”
Lázaro Ramos
ATOR
“Lima Barreto é o oposto do ufanismo insultuoso, é hilariante, integralmente vigente, e foi negado por todos em sua vida. Pela Academia de Letras, pelos modernistas, por brancos e pela própria história. Ainda causaria escarcéu com suas crônicas. Na minha opinião, ele sempre foi o maior porque nele não vejo traços de Laurence Sterne, do provincianismo da vanguarda Klaxon, nem de regionalismos novelescos.”
Felipe Hirsch
DIRETOR E DRAMATURGO
“De compras de voto a partidos políticos de fachada, muito pouco mudou nesse século que nos separa do contexto de Lima Barreto. Seus romances, contos e crônicas nos ajudam a ler, de forma sagaz e crítica, as instituições e os costumes que vêm nos formando como sociedade desde o começo da República.”
Felipe Botelho Corrêa
PROFESSOR
“Eu me lembro de ter ficado chocada com a ousadia do homem que sabia javanês quando uma professora apresentou o conto na escola Foi um dos primeiros espantos com a literatura ‘adulta’, e não por acaso uma das primeiras lições de malícia.”
Carol Rodrigues
ESCRITORA
Agenda – A Festa Literária de Paraty começa nesta quarta-feira (26), na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro e vai até o dia 30 de julho.
Confira alguns destaques da programação:
QUARTA-FEIRA – 26/07
• 19h15 Mesa 1 – Sessão de abertura – Lima Barreto: triste visionário
Lázaro Ramos
Lilia Schwarcz
dir.: Felipe Hirsch
QUINTA-FEIRA – 27/07
•10h território Flip | Flipinha – Mesa Zé Kleber: Aldeia Álvaro Tukano
Duas líderes de comunidades tradicionais paratienses, a confirmar
• 12h Mesa 2: Arqueologia de um autor
Beatriz Resende
Edimilson de Almeida Pereira
Felipe Botelho Corrêa
• 15h Mesa 3: Pontos de fuga
Fruto Estranho: Josely Vianna Baptista
Carol Rodrigues
Djaimilia Pereira de Almeida
Natalia Borges Polesso
• 17h15 Mesa 4: Fuks & Fux
Julián Fuks
Jacques Fux
• 19h15 Mesa 5: Odi et amo
Fruto Estranho: Grace Passô
Frederico Lourenço
Guilherme Gontijo
• 21h30 Mesa 6: Em nome da mãe
Noemi Jaffe
Scholastique Mukasonga
SEXTA-FEIRA – 28/07
• 10h território Flip | Flipinha – A pele que habito
Joana Gorjão Henriques
Lázaro Ramos
• 12h Mesa 7: Moderno antes dos modernistas
Antonio Arnoni Prado
Luciana Hidalgo
• 15h Mesa 8: Subúrbio
Fruto Estranho: Prisca Agustoni
Beatriz Resende
Luiz Antonio Simas
• 17h15 Mesa 9: Na contracorrente
Pilar del Rio
• 19h15 Mesa 10:
A contrapelo
Fruto Estranho: Ricardo Aleixo
Carlos Nader
Diamela Eltit
• 21h30 Mesa 11: Por que escrevo
Deborah Levy
William Finnegan
SÁBADO – 29/07
• 10h território Flip | Flipinha – VOCO
Ricardo Aleixo
• 12h Mesa 12: Foras de série
Ana Miranda
João José Reis
• 15h Mesa 13: Kanguei no Maiki – Peguei no
microfone
Fruto Estranho: Adelaide Ivánova
Luaty Beirão
Maria Valéria Rezende
• 17h15 Mesa 14: Mar de histórias
Alberto Mussa
Sjón
• 19h15 Mesa 15: Trótski e os trópicos
Fruto Estranho: André Vallias
Leila Guerriero
Patrick Deville
• 21h30 Mesa 16: O grande romance americano
Marlon James
Paul Beatty
DOMINGO – 30/07
• 10h território Flip | Flipinha – Ler o mundo
Ana Miranda
Edimilson de Almeida Pereira
Maria Valéria Rezende
• 12h Mesa 17: Amadas
Ana Maria Gonçalves
Conceição Evaristo
• 15h Mesa 18: Livro de cabeceira
Autores a confirmar