Cláudio Coletti
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu sair da toca e transformar-se num bombeiro para tentar apagar o incêndio que ameaça se alastrar no “ninho dos tucanos” por conta da sucessão presidencial de 2018. Ao mesmo tempo, ele trabalha para que o PSDB continue ao lado do PMDB, apoiando o governo de Michel Temer, para criar condições para as duas legendas estarem juntas na corrida presidencial que se avizinha. Fariam uma dobradinha com um dos candidatos tucanos: Aécio Neves Geraldo Alckmin ou José Serra na liderança da chapa, que teria como vice um nome peemedebista.
Essa equação praticamente ficou consolidada com os resultados das eleições municipais. O PSDB foi o grande vencedor nos municípios que reúnem o maior número de eleitores. Seus prefeitos governarão 40 milhões de brasileiros. Já o PMDB elegeu o maior número de prefeitos, mas de cidades com baixa densidade eleitoral. Somados são 20 milhões de habitantes. Além disso, o PMDB sofre carência em suas fileiras de nomes fortes para 2018. A possibilidade desse acordo entre PSDB e PMDB ser concretizado esteve presente no recente encontro do presidente Michel Temer e o ex-presidente FHC.
No PSDB, o ex-presidente vai precisar desenvolver uma eficiente engenharia política para convencer os três pré-candidatos- Aécio, Alckmin e Serra- a aceitarem a realização de uma prévia interna para a escolha de quem disputará a Presidência. Assim, o resultado da prévia deverá ser aceito pelos três, com o afastamento de qualquer possibilidade de quaisquer deles pular para outro partido, que, eventualmente, decida bancar sua candidatura.
Antes, porém, dessa definição, muitas penas vão voar no “ninho dos tucanos”. Aliados dos três possíveis candidatos precisam superar, num ambiente de alta temperatura, três momentos bem próximos: 1°- Mudança no comando nacional do partido, a partir do próximo ano; 2°- Escolha do próximo líder da bancada na Câmara dos Deputados; 3°- Indicação do parlamentar tucano que poderia disputar a Presidência da Câmara do biênio 2017-2018.
E ainda tem a expectativa de desdobramentos da Operação Lava-Jato. Anuncia-se próxima a delação dos executivos da Odebrecht. Seriam denunciados cerca de 100 políticos, de todos os partidos, como beneficiários de propinas distribuídas pela maior construtora do Brasil. E se nesta listagem aparecer nomes de tucanos de alta plumagem? Isto acontecendo, certamente provocará impacto nas articulações com vistas a sucessão presidencial.
Aécio Neves tem hoje em seu poder o controle do PSDB nacional. Tem ao seu lado a expressiva votação de quase 50 milhões de votos na disputa com Dilma Rousseff, em 2014. Mas, pesa-lhe o fato de ter sido derrotado nessa eleição em seu próprio estado, Minas Gerais, ter perdido as eleições para governador e prefeito de Belo Horizonte. Claramente, os mineiros o rejeitaram.
Geraldo Alckmin tem a seu favor o excelente governo que está realizando no Estado de São Paulo e os resultados das recentes eleições municipais, com seus candidatos conquistando um bom número de prefeituras de importantes municípios. Destaque para a eleição, ainda no primeiro turno, de João Doria para comandar a prefeitura paulistana. Alckmin tem também seu nome cogitado para ser candidato presidencial pelo PSB, do falecido governador pernambucano Eduardo Campos. O PHS, que elegeu pelo país afora 37 prefeitos, inclusive Alexandre Kalil em Belo Horizonte, anunciou que vai defender o governador Alckmin como candidato a presidência em 2018… “Alckmin será nosso candidato, seja pelo PSDB ou pelo PSB”- afirmou Eduardo Machado, presidente do PHS.
José Serra está se saindo muito bem no comando do Ministério de Relações Exteriores. Continua com prestígio dentro do PSDB e conta com apoio de expressivos caciques do PMDB. Alguns deles defendem, inclusive, o nome de Serra para ser candidato do partido. Outro apoio garantido para Serra é do PSD, de Gilberto Kassab, que colheu bons resultados nas eleições municipais. Mas no “ninho dos tucanos” ele seria a terceira opção.
Os três pré-candidatos tucanos têm um fato em comum em suas biografias: foram derrotadas, em eleições presidenciais, pelo PT. Serra e Alckmin para Lula e Aécio Neves para Dilma Rousseff.
Na avaliação de analistas políticos, a prevalecer o atual cenário político nacional, são enormes as chances de uma chapa PSDB-PMDB sair vitoriosa em 2018. Eles consideram as dificuldades que o PT terá para manter Lula como candidato.
Há quase certeza de que o ex-presidente não conseguirá sair livre dos processos que responde na Lava-Jato. Punido em qualquer um deles poderá ficar inelegível. Mesmo Lula sendo candidato, a sua caminhada será árdua por tudo de negativo que o PT aprontou nos últimos 13 anos, (des) governando o Brasil. Esse recado os petistas receberam nas urnas das eleições municipais.
Afastado Lula, o nome mais falado é o de Ciro Gomes, já candidato lançado pelo PDT. Seu nome, porém, sofre grande rejeição entre os petistas. Ciro Gomes é considerado uma personalidade muito instável. Ele já passou por seis partidos. Ele se perde facilmente pelas suas palavras e pela forma destemperada como procura atingir os que não comungam suas ideias, suas posições.
Marina Silva, que poderá também entrar na disputa presidencial, perdeu fôlego com os resultados pífios de sua Rede Sustentabilidade nas recentes eleições municipais. Ela é acusada de não passar de um “puxadinho” do PT.
O PSB ensaia também entrar nessa corrida. Mas não dispõe em suas fileiras de um nome que reúna condições para esta disputa. Especula-se que o candidato poderá vir a ser o governador Geraldo Alckmin. Essa articulação está a cargo do vice-governador de São Paulo, Marcio França. Ele sonha inclusive, sair como candidato ao governo paulista em 2018, com apoio de Alckmin.
Outro nome falado é o do senador paranaense Álvaro Dias, que deixou o PSDB para ter uma possível chance de ser lançado pelo PV. Mas, as informações correntes são de que ele prefere ser candidato ao governo do Paraná.