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FHC foi o último a saber. Filho de Míriam Dutra é de um velho aliado do PT

Marta Nobre

“Há segredos que levamos para o túmulo, outros não.”

A frase, do jornalista Mino Pedrosa, serve para ilustrar uma história que vem ocupando muito espaço na mídia nos últimos dias. Trata-se da relação extra-conjugal de Fernando Henrique Cardoso com a jornalista Miriam Dutra.  Do namoro, teria nascido uma criança. Preocupado com o futuro do menino, FHC decidiu espontaneamente bancar as despesas de Míriam.  Mesmo porque, até então, se imaginava pai de Tomás Dutra Schimidt.

Fernando Henrique, com o tempo, passou a negar a paternidade, embora tenha reconhecido o relacionamento mantido com a repórter. A verdade só agora vem à tona pela caneta – ou teclado do laptop – de Mino Pedrosa. O pai de Tomás, garante o repórter tetracampeão do Prêmio Esso de Jornalismo, é Jorge Murad, ex-marido de Roseana Sarney, ex-governadora do Maranhão, filha do ex-presidente José Sarney. Resumindo: um velho aliado do PT.

O segredo que Mino Pedrosa manteve guardado a sete chaves foi construído na época em que ele frequentava a intimidade da família Sarney e na cozinha de FHC. Afinal, lembra o repórter, ele foi assessor dos dois ex-presidentes – Sarney, avô por afinidade, com o sangue do genro circulando nas veias do rebento, e Fernando Henrique, uma espécie de namorado traído.

Olhos na verdade – “O nome do pai de Tomás é Jorge Francisco Murad Junior, ou Jorge Murad ou ainda Jorginho, marido da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney”, escreveu Mino Pedrosa em seu site Quidnovi.com.br nesta segunda-feira, 22. Assim, diz, “fica mais claro enxergar a verade”.

Segundo relata o repórter, em março de 1992, no gabinete do então senador Fernando Henrique Cardoso, na presença de vários servidores, inclusive Eduardo Jorge Caldas Pereira, numa antessala lotada, a jornalista global Miriam Dutra anunciou uma gravidez recente. “Indagada pelo senador sobre quem seria o pai, a jornalista disparou em alto e bom som insultos a FHC e deixou o gabinete aos prantos, fazendo o senador ir atrás dela para acalmá-la. O caso entre os dois era sabido há vários anos. Mas a surpresa do filho deixou Fernando Henrique refém a partir daquela data”, conta Mino.

A bomba, claro, não só estourou na família de FHC, como também na de outra família importante na política nacional. A filha do presidente Sarney flagrou, no bolso do paletó de seu marido, Jorge Murad, um bilhete que revelava uma intimidade de um relacionamento clandestino que Murad mantinha até com uma garçonière, para encontros fortuitos, com uma jornalista global que cobria os fatos da Presidência da República. Teria sido este bilhete o motivo real da separação de Roseana e Murad quando Sarney era o dono da faixa presidencial.

– O que FHC não sabia até agora é que dividiu a alcova com Murad durante alguns anos. Com o caso vindo à tona, fica fácil entender porque Miriam relutava em fazer o teste de DNA de Tomás. Mas Murad sempre soube que compartilhava o leito da jornalista com FHC, enfatiza o repórter.

Veja mais trechos das revelações de Mino Pedrosa:

No pelo da égua – O caso de FHC e Miriam também nunca foi segredo para os peões da Fazenda Córrego da Ponte, em Buritis de Minas, nos arredores de Brasília, comprada por FHC em sociedade com Sérgio Motta. O casal passava os finais de semana em liberdade com a natureza. Se inspirando na história da aristocrata anglo-saxã Lady Godiva, Miriam costumava cavalgar nos prados de Buritis, até uma pequena queda d´água, vestindo somente botas e montando a pelo uma égua, estimulando o imaginário do intelectual Fernando Henrique.

Numa manobra estratégica, FHC, o então deputado José Serra e o diretor da Rede Globo em Brasília, Alberico Santa Cruz, viabilizaram Miriam Dutra como correspondente internacional em Lisboa, na recém-inaugurada SIC em Portugal.

Em março de 1994, Fernando Henrique decidiu sair candidato à Presidência da República e foi a São Paulo pegar o aval com sua esposa Ruth Cardoso. Na saída de seu apartamento em Higienópolis, FHC convocou a imprensa e anunciou que estava com “pneu lameiro em seu jeep” pronto para enfrentar qualquer escândalo.

Durante a campanha dona Ruth Cardoso foi conhecer a fazenda de Buritis de Minas e depara-se com as botas de montaria e o chicotinho que Miriam usava para suas cavalgadas. A socióloga se aborreceu com o candidato e se acidentou. Dias depois reapareceu com o braço na tipoia. Este assunto publicado após um ano, em matéria na revista Isto É, foi muito comentado no Palácio do Planalto e assumido por FHC perante Aluísio Nunes Ferreira, então ministro da Justiça, e outras autoridades.

Os presentes – Não é de hoje, que os presidentes recebem mimos milionários de empreiteiros. A exemplo do sítio do ex-presidente Lula, em Atibaia, no interior de São Paulo, agora sob os holofotes da imprensa e na mira da Justiça, a Fazenda Córrego da Ponte, de FHC foi também presenteada com uma pista de pouso para aeronaves de grande porte, tais como o boing presidencial. A pista construída a 500 metros da porteira da fazenda, no meio da mata, feita pela Camargo Correia, foi denunciada na Revista Isto É, também por este jornalista durante o mandato de Fernando Henrique.

Também foi denunciada a compra de um apartamento em Brasília com sobra de campanha para Luciana Cardoso, filha de FHC.

Desde o momento do anúncio da gravidez de Miriam, FHC passou a refém de adversários políticos e dos tubarões da mídia. Foram duras as penas para manter o segredo a sete chaves. José Serra, Sergio Mota e Alberico Santa Cruz foram fiéis escudeiros para guardar a história.

Não se pode esquecer de um personagem com destaque nesta trama: o jornalista e empresário Fernando Lemos, cunhado de Miriam Dutra, casado com Margrit Dutra Shimidt, que dividia o leito com José Serra. Fernando usava de seu prestígio junto ao presidente para fechar grandes negócios e aumentar a mesada da cunhada e de Tomás, que ele já sabia ser filho de Murad e Miriam. Fernando Lemos, para demonstrar sua relação com o presidente, telefonava para o Palácio da Alvorada e colocava em viva voz sua conversa informal com a autoridade máxima do País, na frente de empresários com quem negociava seus serviços.

Tempos depois, Fernando separou-se de Margrit, deixando Serra usufruir do romance vez por outra. Hoje a jornalista está lotada no gabinete de Serra, em função privilegiada e proibida pelo regimento do Senado: “trabalhando em casa”. Fernando Lemos faleceu em 2012.

Outro personagem importante nesta história é o ex-senador e ex-governador de Santa Catarina Jorge Bornhausen. Articulador político de vários governos desde a ditadura militar, Bornhausen convenceu Antônio Carlos Magalhães e todos os caciques do PFL a apoiarem a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República em 1994. O alemão também era um dos donos da Brasif, empresa que contratou Miriam Dutra com acordo fictício a pedido de FHC, para desenvolver pesquisas sobre os Free-Shoppings.

Outro bastardo – Bornhausen também viveu momento de chantagem por filho bastardo. Engravidou uma jovem que foi presenteada com um apartamento para evitar o escândalo político e atrapalhar a carreira do articulador. A mãe da jovem procurou a mulher de Bornhausen e revelou o romance secreto.

Para perdoar o marido, a esposa do ex-senador exigiu uma mudança repentina para Portugal. O cacique conseguiu, com seu prestigio, o cargo de embaixador do Brasil em Lisboa, até que o incêndio fosse apagado.

Com a intenção de voltar ao Brasil, Miriam arrancou de FHC um apartamento de frente para o mar em Santa Catarina, intermediado por Fernando Lemos e Jorge Bornhausen. Mas a jornalista nunca voltou, e continuou colocando FHC na parede.

O rumo dessa história está apenas começando. Tucanos acusam o PT de estar por trás da “motivação” de Miriam Dutra e fazem Lula lembrar do debate na TV em 1989, quando o ex-presidente Fernando Collor tinha na manga um dossiê sujo e rasteiro envolvendo o passado do metalúrgico. Este novelo ainda tem muita lã para desenrolar. É só aguardar.

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