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Fi-lo porque qui-lo faz jovens tropeçarem nas próprias pernas

Nos tempos atuais, os jovens estão dedicando um esforço enorme para que sejam reconhecidos por suas competências e talentos. Grande parte deles sustenta uma dose de frustração porque os gestores e o mercado de trabalho não apresentam desafios compatíveis com suas capacidades, proporcionando apenas trabalhos operacionais e de baixa relevância.

Essa situação é recorrente nas reclamações que ouço de jovens nas sessões de mentoria que realizo. Parece que nenhum gestor está disposto a correr riscos e apostar nos profissionais mais novos, mesmo que eles apresentem certificações de suas habilidades.

Esse cenário teria contornos de injustiça se apenas fosse um caso de preconceito corporativo, no qual os mais veteranos buscam limitar os mais jovens para garantir a permanência de suas próprias funções, talvez ameaçadas por competentes e habilitados profissionais. Contudo, o contexto é um pouco mais complexo e merece ser analisado a partir da observação dos comportamentos que os jovens apresentam quando chegam ao mercado de trabalho.

Um exemplo é notar as intensas transformações, principalmente por causa das novas tecnologias, que, literalmente, estão se incorporando em nosso dia a dia. Isso permite que se avalie o jovem como um profissional mais imaturo e menos competente, pois é clara uma irracional relação de dependência dos smartphones, tablets e internet, tirando o foco ou mantendo sua atenção em forma fragmentada e superficial.

Outro exemplo é o recorrente discurso dos jovens profissionais de sustentar suas atividades somente se estiverem “gostando de fazer”, esquecendo que, na maioria das vezes, “precisam fazer” mesmo sem gostar.

Há um roteiro que torna o indivíduo sério e que faz com que ele seja levado a sério. Primeiro, é importante que ele saiba o que pode fazer, depois deve considerar o que quer fazer e somente após as duas condições atendidas é que se coloca o que gosta de fazer.

A inversão dessa ordem transfere uma condição de imobilidade de gestão. Imagine que alguém, para fazer algo, primeiro precise gostar, contudo, nunca passou pela experiência. Certamente irá recuar diante do desafio ou mostrar-se inseguro. Imagine o desafio de gestão em tentar desafiar alguém a fazer algo que não quer ou ainda tentar criar condições para fazer algo que não pode.

O jovem profissional precisa substituir os conceitos: “faça o que gostar”, “use se te derem” e “comece se quiser”. E adotar: “comece onde você está”, “use o que você tem” e “faça o que você pode”.

É chegado o momento dos jovens mostrarem que são sérios e querem ser levados a sério, mas, para que isso aconteça, não basta expor as expectativas de mudanças. É necessário que os jovens façam a mudança! Para isso, é prioritário que eles sejam sérios consigo mesmos, determinando um propósito e seguindo na direção dele.

Não basta mais parecer sério, é preciso ser sério, fazendo o que pode e usando os recursos que possui.

Sidnei Oliveira

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