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Figurões decidem futuro do Brasil na terrinha de onde saiu o velho Cabral

Passados 18 meses do término do governo do fim do mundo, até hoje eu acho graça do baixo nível dos debates, da ausência de ideias e da falta de propostas do ex-presidente que sonha com um retorno que não virá. Para não ser injusto, o único projeto do ex-mandatário sempre foi o golpismo, fracassado também pela falta de argumentos capazes de convencer os superiores. Como se vê, embora sobrassem desrespeito e ódio às minorias, a fartura (farta de tudo) era absoluta. É verdade que ainda não nadamos em mar de almirante. No entanto, estamos cada vez mais distantes do inferno imaginado pelo capitão de bravata, aquele cujo desejo era transformar o céu azul do Brasil em uma nuvem negra e duradoura.

Ele desapareceu na poeira de seus coturnos, mas deixou viúvas em todos os segmentos da sociedade, notadamente na burguesia medíocre e de tentáculos e apetite longos e insaciáveis. É desse extrato social que surgem os maiores inimigos do país e de seu povo. Em apoio velado aos negacionistas, que preferem insistir em desconstruir o que é benéfico para todos, nossas autoridades maiores também devem achar a Terra Brasilis uma “bosta”. É a única explicação para a redescoberta de Portugal como colonizador. Além de Brasília, temos 26 capitais de belezas naturais à disposição dos que desejam o progresso nacional.

Todavia, excelências dos Três Poderes semana passada escolheram Lisboa para um fórum de discussão a respeito das mazelas da nação. E nada do que supostamente “discutido” é desconhecido do grande público, muito menos de nossos viajantes. Está escrito que foram gastos R$ 1,2 milhão só em diárias para ministros de Estado e do Judiciário, parlamentares, seguranças e servidores de apoio, totalizando 78 turistas com passagens de primeira classe pagas pelos contribuintes avaliados pelas excelências em questão como verdadeiros idiotas. Não é nada, não é nada, nada foi. E nada será, independentemente de recados trocados entre o Supremo Tribunal e o Congresso.

Melhor seria se o “juristur”, denominado “Gilmarpalooza” tivesse usado os valores divulgados em benefício, por exemplo, do Rio Grande do Sul, cuja população continua atolada em um lamaçal decorrente da inércia que tomou conta da classe dominante, incluindo os que foram para Portugal em busca de solução para nossos problemas. Enquanto isso, o Cerrado e o Pantanal pegam fogo, falta saúde, educação, segurança, vergonha e disposição para um trabalho coletivo de acompanhamento das mudanças climáticas, de controle da pobreza endêmica e contra novas inundações. Infelizmente, esse tipo de dedicação não rende diárias, tampouco almoços à base de bacalhau, azeites puros de oliva e vinhos “nacionais”.

É mais do mesmo. Volto a lembrar do inesquecível Chico Anysio e seu fictício deputado Justo Veríssimo: “O povo que se exploda”. Alguém duvida? Criticada pela mídia política, econômica e esportiva, a ação entre amigos será esquecida em um ou dois dias. É o Brasil herdado dos portugueses, dos quais seremos dependentes até que consigamos eleger deputados e senadores capacitados, bem-intencionados e sem rabo preso com cidadãos que eles aprovam para as instâncias superiores do Poder Judiciário. É a bajulação para mais de metro ou dependência que não se acaba.

No atual momento do país, o jogo fora das quatro linhas protagonizado por figuras impolutas do Judiciário é injustificável. Na verdade, ele não se justifica em momento algum. Pior é o medonho toma lá, dá cá dos parlamentos. A última abobrinha podre foi vendida na Câmara Legislativa do Distrito Federal. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o “chupetinha”, foi indicado pelos coléguas distritais para receber o título de Cidadão Honorário de Brasília. As paredes gostariam de saber o que o parlamentar de meia pataca já fez pelo Brasil e por Brasília. Uma pena, mas, no DF e no Brasil, “os políticos não são eleitos pelas pessoas que leem jornais, mas por aquelas que se limpam com eles”.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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