A menina e o pai, de férias, estavam na praia, onde resolveram inventar, naquele exato momento, talvez não tão exato assim, o famoso tênis de praia. Marcaram o campo bem perto da água, onde a areia era mais firme, o que permitia que a bola quicasse com maior facilidade. É verdade que o campo ficou meio inclinado, mas nada que pudesse atrapalhar a diversão daqueles dois.
E começou a partida, muito disputada por sinal. A menina logo abriu quatro pontos de vantagem, mas o pai conseguiu encostar no placar. Mesmo assim, ela fechou o primeiro set quase facilmente, haja vista a grande performance, especialmente pela sutil agilidade dos movimentos.
Tão logo terminaram a primeira etapa, lá estavam disputando o segundo set, que, por incrível que pareça, foi vencido pelo pai. Provavelmente, a menina ainda estava com a cabeça no primeiro, ganho com facilidade. Ela deu mole!
O terceiro e decisivo set começou tenso, pois ninguém queria perder. Um erro bobo aqui, uma rebatida desastrosa ali, uma espirrada na raquete acolá. Seja como for, lá estava a menina com a vantagem para, finalmente, fechar o jogo. E foi justamente o que aconteceu!
Eufórica, ela jogou a raquete para o alto, deitou na areia e começou a gritar que era a campeã mundial de tênis. Enquanto isso, o pai, meio cabisbaixo, foi recolher as raquetes e a bolinha. Deixou o material num cantinho e puxou a filha para darem um mergulho no mar.
Em seguida, voltaram para a barraca, onde estavam a madrasta e um amigo, o Almeidinha. A menina, ainda eufórica pela grande conquista, já chegou dizendo que era a campeã mundial de tênis. O Almeidinha, que de vez em quando se mostrava mal-humorado, a contestou:
– Que campeã mundial de tênis uma ova!
– Sou, sim! Ganhei do meu pai agora!
– E cadê os outros concorrentes?
– Esse torneio só pode ser disputado por atletas altamente gabaritados!
– E quem são?
– Ué, o meu pai e eu!