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Bebel, a inimiga do fim

Filha única, buldogue conhece e brinca com irmãos humanos

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Aquela bolinha escura havia sido um mimo do homem para a amada. Chegou enrolada em um paninho florido antes mesmo de completar dois meses e, apesar de saudosa do calor materno, logo se sentiu acolhida no colo da mulher. Bebel, uma buldogue, parece que havia tirado a sorte grande.

Ganhou roupinhas, sapatinhos, colarzinhos, brinquedinhos dos mais variados. Diante de tantos presentes, a cachorra gostava mesmo era do ossinho. Roía o dia inteiro, até que chegava a hora de passear. Corria com a cara mais feliz e se postava diante da porta. O casal sorria e, admirado, dizia: “Nossa, como a Bebel é inteligente!”

Já na calçada, todos olhavam para aqueles três. A mulher, orgulhosa da filha, lançava sorrisos ao vento. Não que o marido fosse muito diferente, mas era contido. No entanto, a tudo observava, tanto é que estufafa o peito como se tivesse ganho a maratona nas olimpíadas. Por sua vez, Bebel também representava divinamente o papel que lhe cabia. A danadinha, quase saltintando, desfilava todo o seu glamour e, ao passar, despertava o despeito dos vira-latas em situação de rua.

Essa rotina de passeios pelo bairro e, em seguida, repousos prolongados em fofas almofadas era tudo o que a Bebel desejava. Como parecia feliz aquela cachorra! A realeza em forma de buldogue. Nada além do que o melhor dos mundos para quem lhe é de direito.

Das almofadas para as largas calçadas e, em seguida, de volta ao aconchego do lar, doce lar, onde a filha única poderia se deliciar com aquele osso. Roía, roía, roía. De tanto roer, acabava adormecendo com o osso na boca. O ronco vinha fácil. Tão fácil, que ela nem percebia quando acordava horas após e nem se dava conta que havia adormecido. Dava mais algumas roídas, o ronco não tardava a tomar conta de todo o ambiente.

Pois foi num desses passeios pela quadra que o casal se deparou com um parque. Não um parque de balanços e gangorras. Não. Era um grande gramado todo cercado, onde cães de diversas raças ou não corriam desembestados. A princípio, os pais de Bebel deram no máximo uma olhadela naquela situação, até que ela começou a puxar a guia em direção ao parquinho. Foi preciso pegá-la no colo. Que nada! Não adiantou. A cadelinha começou a chorar na voz dos cães.

Diante de tal situação, restou aos pais de primeira viagem atender ao pedido da mimada. Não demorou, lá estava a Bebel correndo de um lado para outro com aqueles novos amiguinhos, feitos naquele exato momento. Eram eternas crianças em forma de cachorro.

A tarde se esvaiu diante dos olhos cada vez mais admirados do casal. A energia da Bebel parecia sem fim. A mulher ainda tentou chamar pela filha, mas sem sucesso. A buldogue não lhe dava ouvidos, tamanha a euforia vivida.

– Bebel! Bebel! Bebel! Vem com a mamãe! Amanhã a gente volta!

– Meu amor, a nossa menina parece que é inimiga do fim.

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