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Prefere Carochinha?

Final trágico é mero devaneio com pônei colorido

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Uma coisa muito legal para o escritor é receber elogios. É óbvio que, não raro, chega um ou outro desaforo por algo que o leitor desgostou. Seja como for, prefiro guardar na lembrança os agrados, ainda mais aqueles que me chegam carregados de exageros, como aconteceu recentemente por um leitor-amigo, ou seja, o tipo quase incapaz de enxergar defeitos, mas que vislumbram qualidades que, bem sei, não sou merecedor. Ou sou?

Pois bem, o leitor-amigo a quem me refiro é o renomado astrólogo Francisco Seabra, a quem costumo chamar de Meu Guru. Ele, talvez embevecido por algum destilado diante da aprazível praia da Ponta Negra, em Natal, me mandou essa mensagem: “Minhas mãos estão perdendo as digitais de tantas palmas para você!!!”

Devaneio? Extravagância? Impulso por causa daqueles momentos de euforia? Sei lá! Não faço a menor ideia! No entanto, causa-me arrepios por todo o corpo, tal como os doces beijos da minha amada, a Dona Irene. Mas nada que me mantenha nas nuvens por muito tempo, mesmo porque a minha filha mais nova, a Malulinha, perto de completar quatro meses, vez ou outra, me lembra de que preciso trocar suas fraldas.

Entretanto, não é apenas de louros que vive um escritor. Tenho quase certeza de que até o incomparável Machado de Assis também recebeu críticas desfavoráveis. Não sei como o maior dos maiores as recebeu. No meu caso, digo-lhe que é uma diversão, que compartilho com a minha esposa antes de deitarmos no nosso leito tão acolhedor.

Já que expus o Meu Guru, bem que poderia falar um pouco sobre uma leitora, cujo nome prefiro manter no anonimato, mas que sempre me dá aquelas alfinetadas. É que a dita cuja não suporta os desfechos dos meus contos e crônicas: “Que mania você tem de sempre colocar esses finais trágicos!”

Não sei se essa leitora-inimiga (será que estou criando uma nova classe de leitores?) espera encontrar pôneis coloridos nos meus escritos. Creio até que ela, ao usar esse exagero de palavra que é “sempre”, tem lá sua razão. O problema, parece, estar em mim, que há muito deixei de acreditar em coelhinhos da Páscoa ou, então, sou um cruel manipulador das emoções alheias. Que seja! Nada me dá mais prazer do que fugir do tradicional e esperado “e viveram felizes para sempre”.

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