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Ninho do Urubu

Fla processa repórteres e deixa UOL de fora temendo goleada

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José Seabra - Foto de Arquivo

O Clube de Regatas Flamengo decidiu processar repórteres do UOL (Universo On Line), do grupo Folha de S.Paulo, por uma série de reportagens produzidas e publicadas sobre suposta adulteração da cena de incêndio do Ninho do Urubu, que provocou a morte de 10 garotos da base do Fla. A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) divulgou nesta sexta, 30, uma nota de repúdio à ação do clube da Gávea.

O que se pergunta no meio jornalístico – e isso fica evidenciado no manifesto da ABI -, é por que processar apenas repórteres, e não também a empresa para quem os jornalistas trabalham e que publicou as denúncias? Em diferentes redações, os comentários são de que o Flamengo tem medo de peixe grande, a ponto de se engasgar com bacalhau salgado e levar uma goleada.

A nota da ABI, assinada pela Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos, tem o seguinte teor:

Processar criminalmente jornalistas pelo exercício da profissão, prática amplamente utilizada por pessoas e setores pouco afeitos à ética e ao respeito à liberdade de expressão, chegou ao futebol.

O Flamengo entrou com queixa-crime por crime contra a honra contra 11 profissionais do UOL e o engenheiro José Augusto Bezerra. Em março deste ano, esses jornalistas participaram de matéria em que o engenheiro acusava o Flamengo de ter adulterado a cena do incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019, quando morreram dez garotos da base do Flamengo.

O clube não incluiu o UOL no processo, apenas os profissionais individualmente. Foram acusados os jornalistas Léo Burlá, Alexandre Araújo, Igor Siqueira, Bruna Sanches, René Cardillo, Márcio L. Castro, Lucas Lima, Bruno Doro, Diego Assis, Leonardo Rodrigues e Pedro Lopes, além do engenheiro José Augusto, que fez as afirmações que basearam a reportagem.

A ABI, por meio de sua Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos, já repudiou publicamente a atitude do Flamengo em março deste ano, quando barrou a entrada da equipe do UOL para assistir ao treino do clube, sem uma justificativa oficial. E repudia com indignação a abertura desse processo, mais uma página infeliz na história do futebol brasileiro.

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