Amigo das antigas
Flavio avisa pelo Zap que pururuca está esperando
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emHá amizades tão duradouras, que se confundem com nossa própria existência. Uma delas, que construí com o Flavio Bonesso, já ultrapassou a barreira dos 40 anos. Tanto tempo, que a Ninica, minha primogênita, de 28 anos, arregala aqueles lindos olhos cor de mel e exclama: “Nossa, como você é velho!”
A minha filha provavelmente não está longe da verdade, mas isso não me impede de me sentir menino outra vez quando reencontro o Flavio, cuja gargalhada se faz ouvir até no vácuo. Grandão, bonachão, o meu amigo é cheio de ãos e logo me dá aquele abração de tamanduá, que me espreme que nem limão junto ao seu peito: “Que saudade, véio!”
Não que eu seja muito mais velho do que o Flavio, mas, como brasiliense que é, ele tem lá esse costume de chamar as pessoas assim. Aliás, nascido em Brasília, mas com espírito aventureiro, como ele gosta de dizer. Já viajou muito desde rapazola, quando era comissário de bordo de uma antiga empresa de aviação, que, falida, fechou as portas há tempos. Mas, até onde tenho notícias, o Flavio nada teve a ver com isso.
Apaixonado por culinária, o meu companheiro de longa jornada ministra cursos na Emater-DF. É engraçado vê-lo rodeado daquele monte de alunos. Não que duvide da sua capacidade, que é enorme, mas é que é impossível não me lembrar de quando nos reuníamos com a galera da rua e, invariavelmente, ele era o centro dos olhares, ainda mais quando contava uma piada, que, por pior que fosse, se tornava extremamente engraçada.
O humor, sempre presente nesse cara, talvez seja o ingrediente especial para ele preparar aqueles pratos deliciosos. Não tem como deixar de notar que o Flavio é um verdadeiro mestre-cuca. Ele, que é casado com a maravilhosa Kaká, consegue até fazer um ovo frito de modo a você imaginar que está degustando uma iguaria.
E, ao escrever essa crônica a respeito do meu amigo de tempos tão longínquos, eis que, para minha surpresa, recebo uma mensagem dele pelo WhatsApp: “A Kaká tá perguntando quando é que você e a Dona Irene vão aparecer pra comer aquela costela suína pururuca.”