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Flávio Bolsonaro acirra polarização política e mira desemprego no país

O senador Flávio Bolsonaro usou suas redes sociais para criticar o governo do PT, acusando-o de manipular dados para apresentar uma queda no índice de desemprego. Em sua declaração, ele ironizou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sugerindo que o órgão deveria adotar o slogan “Contra os dados, não há fatos”. Ele afirmou ainda que o IBGE ‘escondeu’ 44 milhões de pessoas para vender a imagem de geração de empregos.

A crítica ocorre em meio a debates sobre uma metodologia utilizada pelo IBGE para medir o desemprego, assunto que frequentemente gera polêmica entre diferentes correntes políticas. A oposição tem questionado os critérios e os números oficiais, enquanto o governo e especialistas ligados ao próprio PT indicam que as regras são legais.

A fala de Flávio Bolsonaro reflete o acirramento do debate político em torno de temas econômicos e sociais, como o desemprego, que é um dos principais indicadores que balizam a economia.

Em Brasília, entre o café forte e as manchetes, surge, assim, mais um confronto político. Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ergue a voz – ou melhor, ocupa as redes sociais – para afirmar, com a convicção de quem nunca tropeça no próprio discurso, que o governo do PT, se faz algo com maestria, é inventar números. A crítica é direta: o IBGE de Lula esconde números. Um sofisma ou um grito de alerta? Depende de quem lê e de como se quer acreditar.

Com a eloquência de quem descobre um escândalo em cada planilha, Flávio denunciou o que chamou de “manipulação oficial”. Segundo o senador, o governo, num passe de mágica que faria inveja a Houdini, ocultou 44 milhões de pessoas para anunciar uma queda triunfante no desemprego. Foi como se, num país de dimensões continentais, uma multidão tivesse desaparecido num ralo estatístico. Quem são? Onde estão? Ninguém sabe, mas os ídolos do plenário, sempre armados de hashtags e revolta, sabem a resposta: estão escondidos pelo governo.

Num país onde os números dão mais trabalho do que a matemática, a guerra é semântica, mas também estratégica. Dados são fáceis de abater quando se atira da tribuna, mirando o microfone, mirando o trending topic. Para Flávio, não se trata de uma disputa entre métodos ou interpretações. O que está em jogo é a veracidade, essa palavra que escorre entre os dedos feito água.

É verdade que o IBGE, sob Lula ou sob qualquer governo, é uma instituição de tradição técnica, às vezes alheia ao zunido das redes. Mas, para o senador, os dados apresentados pelo governo são falsos e a narrativa dele, senador, está correta. A estatística é inimiga da paixão, e a paixão é o que pulsa no campo da política. Se os números contradizem, pior para os números.

Em tempos de polarização, a crítica ao IBGE é apenas um capítulo de uma história mais ampla. Um lado acusa de manipulação, o outro responde com técnica e pragmatismo. Enquanto isso, o cidadão, que não desaparece, mas também não aparece, segue em busca de emprego ou de esperança. Contra os dados, não há fatos, diz o senador. Cabe ao governo, comprovar, na ponta do lápis, contestar as declarações. Ou assumir, sem destempero, que errou nas contas e o caldeirão da economia está prestes a explodir.

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Dora Andrade é Editora de Business de Notibras

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