Notibras

‘Floresta em Pé’ é solução para quem vive do ambiente

Neste domingo, 5, será comemorado o Dia da Amazônia. Alvo constante da exploração de madeireiros, criadores de gado e garimpeiros, a maior floresta tropical do planeta tem um valor muito maior em pé do que no chão. Para o agricultor Joel Moreira, de 45 anos, a floresta em pé representa a colheita do cacau selvagem, que gera para sua família uma renda mensal de até R$ 7.200,00.

Para o empreendedor social Artur Coimbra, fundador da Na’kau, organização que compra o cacau selvagem cultivado pela família do seu Joel e de outras 31 famílias que vivem na beira do rio Madeira, no Amazonas, para produzir chocolate 100% amazônico, a floresta em pé representou um faturamento de R$ 360 mil em 2020.

Para Henrique Bussacos, empresário que vive em Florianópolis (SC), a cerca de 4,4 mil quilômetros de Manaus, e que investiu recursos na Na’kau por meio da Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI, a floresta em pé representa mais do que uma rentabilidade financeira. “O investimento em negócios de impacto socioambientais positivos é o futuro. Não acredito neles como um nicho, mas como precursores de algo que vem por aí”, diz Bussacos.

Esse é apenas um dos diversos exemplos de negócios de impacto socioambiental na Amazônia, que receberam aportes por meio da Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI com geração de benefícios para agricultores, empreendedores e investidores. “A gente não quer só emprestar, queremos ajudar os empreendedores a ter uma atuação mais consistente, cada vez com mais impacto socioambiental positivo e desenvolvimento territorial na Amazônia”, diz o CEO da SITAWI Finanças do Bem, Leonardo Letelier.

Não é de hoje que a mensuração da floresta em pé aponta para um valor comercial mais rentável. Relatório da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos sobre Restauração de Paisagens e Ecossistemas, de 2019, indica que um hectare de floresta em pé na Amazônia gera, em média, R$ 3,5 mil por ano e no Cerrado em torno de R$ 2,3 mil. Em sistemas agroflorestais esse rendimento pode chegar a mais de R$ 12 mil anuais. Já o mesmo hectare desmatado para a pecuária daria um lucro de R$ 60 a R$ 100 por ano.

Nesse contexto, ações de conservação deste importante bioma brasileiro são fundamentais para movimentar a economia local, favorecendo toda uma cadeia de negócios sustentáveis, que vai desde o produtor, o empreendedor e os investidores em negócios de impacto social.

“Acredito que a conservação da floresta deve incluir a ação do homem. A Na’kau nasceu para solucionar esse problema. O consumo de produtos como o nosso tem um grande potencial conservacionista. Entendemos que se pagamos mais e oferecemos assistência técnica e rural para essas famílias, estamos agregando valor para essas pessoas. Isso tudo resulta em conservação da floresta pois, o produtor que ali se encontra motivado e com boa autoestima, quer plantar cada vez mais cacau para gerar renda extra para a família, ou seja, funciona como um ciclo sustentável em harmonia com a natureza”, observa o fundador da Na’kau, que atua na Amazônia desde 2013 e conseguiu conservar mais de 5 mil hectares de agrofloresta, o que representa uma movimentação na economia no montante de R$ 60 milhões.

A Na’kau atua em 7 municípios da Amazônia e impacta positivamente 32 famílias ribeirinhas ao longo do Rio Madeira, onde paga 3 vezes mais (que atravessadores) pelo quilo do cacau e capacita os agricultores locais, por meio de técnico de campo, estimulando a agricultura sustentável na floresta e para que estas famílias não se envolvam em atividades ilícitas. Cada família chega a receber até R$ 7.200,00 na alta da safra de cacau.

“Graças a Deus a gente está trabalhando com cacau e vendendo pra Na’kau, que junto com o SEBRAE e REMA, trouxeram o certificado de orgânico, o que deu mais valor pra gente. Hoje em dia sabemos qual o valor do cacau de melhor qualidade, fermentado, diferente do que a gente trabalhava atrás”, diz Joel, que mora com esposa e filho no município de Borba, na margem esquerda do rio Madeira, zona rural, a 149 quilômetros de Manaus.

Para que histórias de sucesso como essa tornem-se cada vez mais realidade, há toda uma cadeia que se beneficia da floresta em pé. O investidor, que aporta valores em negócios de impacto; o empreendedor, que consegue capital barato e paciente e gerar mais impacto positivo; e os agricultores, que encontram na floresta a geração de renda de suas famílias. Esse ciclo acontece a partir da Plataforma de Empréstimo Coletivo, da SITAWI Finanças do Bem. Desde que foi criada, em 2019, a empresa já realizou 5 rodadas de negócios e mobilizou R$ 10 milhões para negócios de impacto através de mais de 500 investidores.

A plataforma de empréstimo coletivo é realizada pela SITAWI e tem como parceiro estratégico o Instituto Sabin. A rodada amazônica é uma iniciativa da Plataforma Parceiros Pela Amazônia (PPA) e tem como parceiros e financiadores a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o Instituto humanize e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), a Agência Alemã de Cooperação Internacional, do governo alemão.

Como financiar a floresta em pé
Por meio da Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI, qualquer pessoa pode investir nos negócios de impacto positivo na Amazônia. A plataforma atua no modelo peer-to-peer lending, categoria que permite, de forma digital, a transferência de recursos financeiros de uma pessoa diretamente para outra pessoa ou empresa — opção cada vez mais buscada por investidores interessados em acompanhar os seus investimentos e gerar impacto positivo.

“Acredito que os negócios socioambientais sejam os negócios do futuro, as empresas já perceberam que precisam gerenciar seus riscos socioambientais e analisar como contribuem para melhorar o cenário”, finaliza Bussacos, investidor da Na’kau.

Contexto da PPA
Em 2019, a SITAWI passou a fazer parte da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), uma plataforma de ação coletiva, liderada pelo setor privado, que busca a construção de soluções inovadoras, tangíveis e práticas para o desenvolvimento sustentável, conservação da biodiversidade, florestas e recursos naturais da Amazônia.

Sobre a SITAWI
A SITAWI Finanças do Bem é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 com a missão de mobilizar capital para impacto socioambiental positivo. Pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para impacto, já mobilizou mais de R$200 milhões para impacto socioambiental, sendo o investidor de impacto mais ativo do Brasil, com 66 transações e mais de 35 negócios apoiados.

Sair da versão mobile