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Floresta, serpente, comércio… 2025 estreita mais os laços Brasil-China

O Ano Novo Chinês de 2025 foi celebrado oficialmente no dia 29 de janeiro, segundo o calendário lunar, e sua transição no calendário solar ocorreu em 3 de fevereiro, marcando o início do Ano da Serpente de Madeira. Como acontece todos os anos, as festividades se estenderam por 15 dias, culminando com a Festa das Lanternas, no dia 13 de fevereiro.

Agora, com o novo ciclo já em andamento, é um bom momento para refletir sobre os significados deste ano e sua conexão com a relação Brasil-China, que completou recentemente 50 anos de diplomacia formal e segue fortalecida em diversos setores.

A Serpente, regente deste ano, simboliza sabedoria, estratégia e transformação, enquanto seu elemento, a Madeira, representa crescimento e evolução. Esses atributos também refletem a trajetória da aliança entre Brasil e China, que passou por transformações profundas e hoje se destaca como uma das mais importantes parcerias internacionais do Brasil.

Celebração em Foz
No Brasil, as festividades do Ano Novo Chinês de 2025 ocorreram em diversas cidades, incluindo Foz do Iguaçu, que sediará um evento especial neste domingo, 16, na Praça da Paz, a partir das 9h. A celebração, organizada pelo Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina), conta com o apoio do governo do Paraná, da Prefeitura de Foz do Iguaçu, da Embaixada da China e do Consulado-Geral da China em São Paulo, responsável pelas relações diplomáticas com o estado do Paraná.

A programação inclui mais de 20 apresentações culturais, como shows da Banda Ibrachina Musical Project (BIMP) e do Grupo de Música Tradicional Chinesa, além de demonstrações de artes marciais e as tradicionais danças do Leão e do Dragão.

Embora a comunidade chinesa em Foz do Iguaçu tenha presença marcante, especialmente nos setores comercial e gastronômico, não há registros oficiais que a classifiquem como uma das maiores do Brasil. No entanto, a cidade, conhecida por sua diversidade cultural, abriga uma significativa população de descendentes de chineses, que contribuem para o enriquecimento cultural da região e fortalecem os laços entre Brasil e China.

Ney Maranhão, o pioneiro
Muito antes de a China se tornar a potência global que conhecemos hoje, um brasileiro já enxergava seu potencial: Ney Maranhão, senador pernambucano, sempre lembrado por seu terno branco e sandálias de couro, foi um dos primeiros políticos brasileiros a defender uma aproximação estratégica com o país asiático.

Nos anos 1980 e 1990, Maranhão viu na China uma oportunidade para o Brasil e trabalhou para estreitar relações comerciais e diplomáticas. Em 1991, liderou uma delegação parlamentar brasileira à China, estabelecendo contatos e promovendo diálogos que se tornariam fundamentais para os acordos que viriam a ser firmados nos anos seguintes.

Meio século de cooperação
O trabalho pioneiro de Ney Maranhão e de outros diplomatas consolidou o que hoje é uma relação bilateral estratégica e indispensável. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um comércio bilateral que alcançou US$ 157 bilhões em 2023, gerando um superávit brasileiro de US$ 51 bilhões.

Mas essa parceria vai além do comércio. Brasil e China compartilham colaborações em ciência, tecnologia e inovação. O programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite), criado em 1988, continua sendo um dos melhores exemplos dessa cooperação, permitindo avanços no monitoramento ambiental e na observação da Terra.

Além disso, em abril de 2023, os dois países firmaram 15 novos acordos de cooperação, cobrindo áreas como sustentabilidade, intercâmbio acadêmico e desenvolvimento tecnológico.

Parceria sino-brasileira
Agora, imersos no Ano da Serpente de Madeira, Brasil e China seguem aprofundando suas relações. A Serpente, conhecida por sua astúcia e capacidade de adaptação, representa um momento de ajustes estratégicos e crescimento estruturado – exatamente como a parceria sino-brasileira tem se desenvolvido ao longo dos anos.

Se no passado Ney Maranhão parecia visionário ao prever a relevância da China para o Brasil, hoje sua percepção se confirmou. A China não apenas se consolidou como uma potência econômica mundial, mas também se tornou um parceiro estratégico indispensável para o Brasil.

Com o fim das principais comemorações do Ano Novo Chinês de 2025, mas ainda com a expectativa do evento de Foz do Iguaçu no dia 16, permanece a simbologia desta celebração: um ano de transformação, planejamento e expansão, valores que também guiam a relação entre Brasil e China. O que começou como um esforço diplomático de poucos visionários hoje é uma aliança sólida e com grande potencial para o futuro.

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