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Fluminense e Ponte estão nas finais do Rio e de São Paulo

Bartô Granja, com textos de Itamar Cardin, Ciro Campos e Robson Morelli

As torcidas do Vasco e do Palmeiras estão cabisbaixas. Seus times de coração foram eliminados neste sábado das decisões dos campeonatos estaduais do Rio de Janeiro e São Paulo. No Maracanã, os vascaínos foram atropelos pelo Fluminense por 3 a 0. No Allianz Parque os palmeirenses venceram a Ponte Preta por 1 a 0, mas o resultado não foi suficiente para vingar os 3 a 0 do jogo de ida.

O público pagante destoou nas duas cidades. Enquanto no Rio 20 mil pagantes proporcionaram uma renda pouco superior a 830 mil reais, em São Paulo a arrecadação foi mais que o triplo (2 milhões 900 mil reais) com a presença de 39 mil pessoas no estádio. Agora o Fluminense espera o resultado de Botafogo e Flamengo, para saber quem será o adversário na decisão. Já a Ponte, aguarda o confronto entre São Paulo e Corinthians.

Passeio tricolor – O furor ofensivo do Fluminense devastou a retranca do Vasco neste sábado. No duelo entre o ataque e o contra-ataque, como respectivamente se consolidaram neste ano, a equipe de Abel Braga não tomou conhecimento do time de Milton Mendes. Venceu por 3 a 0, poderia ter feito mais e se garantiu na decisão do Campeonato Carioca.

Como era esperado, as duas equipes vieram com força máxima e apostando em suas principais características. O Fluminense, com Wendel no lugar de Douglas, ignorou a vantagem pelo empate e fez o que está acostumado sob o comando de Abel Braga: atacar.

O Vasco, por sua vez, apostou em Guilherme Costa no lugar do lesionado Andrezinho, para tentar dar mais velocidade ao ataque e surpreender o Fluminense. Ainda assim, o time também não fugiu do seu padrão nos minutos iniciais: defendia-se e apostava nos contra-ataques, embora necessitasse da vitória.

E, logo aos 20 segundos, o jogo teve seu primeiro lance polêmico, quando Luis Fabiano acertou cotovelada no zagueiro Henrique. O árbitro, contudo, apesar da confusão que se formou, não deu cartão para o atacante.

Com os ânimos acalmados, o Fluminense impôs o ritmo, explorando principalmente às laterais. Foi assim que, aos sete minutos, Lucas recebeu na direita, bateu firme e exigiu boa defesa de Martín Silva. E foi dessa maneira também que, aos dez, Wellington avançou pela esquerda, cortou para o meio e foi desarmado. Na sobra, Sornoza chutou com perigo.

Acuado, sem conseguir trocar passes, o Vasco até apostava na velocidade de Guilherme para armar os contra-ataques, mas não conseguia concluir com perigo. O Fluminense, assim, dominava. E teria grande chance de abrir o placar quando Wellington Silva sofreu pênalti claro de Douglas, mas a arbitragem nada marcou. Richarlison ainda teve chance clara pouco depois, ao receber dentro da área, mas Henrique se jogou na frente da bola e salvou

A partir dos 30, Nenê parece ter despertado e passou a se movimentar mais. Foi ele próprio, inclusive, quem teve a principal chance do time, quando Luis Fabiano ganhou pelo alto e o meia-atacante saiu na cara do gol, mas chutou em cima de Cavalieri. Era pouco para o Vasco, que precisava vencer.

E toda a pressão do Fluminense no primeiro tempo levou apenas dez minutos para surtir efeito na etapa final e praticamente garantir a classificação à decisão. Primeiro, aos cinco, após cobrança de falta, Richarlison cabeceou, Martín Silva defendeu e o próprio atacante empurrou para as redes. E, aos dez, Lucas deu um chapéu humilhante e cruzou para Wellington Silva, de letra, marcar um belo gol.

O Vasco teve sua grande chance de descontar – e manter-se vivo no confronto – apenas três minutos depois. Após a zaga do Fluminense errar na linha de impedimento, cinco jogadores ficaram frente a frente com Cavalieri. Thalles, contudo, resolveu bater e desperdiçou chance inacreditável.

Se já era difícil, a virada se tornou impossível dois minutos depois, quando Douglas fez falta dura em Wellington Silva e acabou expulso. Ainda deu tempo para Léo, de cabeça, após cobrança de falta, fazer o terceiro. Tranquila vitória do Fluminense, que se classifica com grande mérito à decisão.

Vaga da Macaca – O Palmeiras fez o que se esperava de um time que joga em casa precisando marcar gols. Alugou o meio de campo da Ponte Preta, ora pela direita, ora pela esquerda, abusando das bolas levantadas na área em demasia e virando todas para o gol. Mas fez apenas um gol. A vitória por 1 a 0 não foi suficiente para tirar o rival da final do Paulistão.

Tentando ganhar a bola no grito, o time foi valente, não se aquietou um só instante durante os primeiros 45 minutos, e assim também seria na etapa final, mas sem muita inteligência, afobado e confuso. Correu e brigou por todas as bolas, não tirou o pé das divididas tampouco desistiu de atacar. Garra e emoção na mesma dose. Mesmo assim, esbarrou na ineficiência de seu ataque.

Assim, a Ponte se classificou merecidamente depois de passar por cima de dois grandes do Estado. Primeiro eliminou o Santos nas quartas de final e neste sábado tirou o Palmeiras na somatória das duas partidas das semifinais.

Borja, Guerra, Dudu, os homens que vinham de trás, todos eles não conseguiam furar o bloqueio dos 11 de Campinas. Quem mais chegou perto de mudar essa história, e o cenário no primeiro tempo, foi Dudu, ao marcar aos 30 em posição de impedimento, que ele jurou que não estava. A torcida festejou antes de xingar o bandeira. Dudu não percebeu que a marcação adversária havia se adiantado.

A Ponte só fez se defender, e correr para passar o tempo. Não precisava de mais nada, já havia feito sua parte na ida, no Moisés Lucarelli. Com 35 minutos, havia cortado 24 cruzamentos dos donos da casa, segurava a bola e apostava nos tiros de meta de Aranha para ganhar preciosos segundos, que somados pareciam uma eternidade para o torcedor do Palmeiras.

Também não havia no time de Eduardo Baptista um jogador que pudesse servir de referência para os outros, aquele para quem os companheiros olham quando a vaca está indo para o brejo. Foram, sem dúvidas, bravos e valentes, mas incapazes de fazer os gols que o Palmeiras tanto precisava em casa.

No pior momento do time, ainda no primeiro tempo, um bobinho entre os jogadores da Ponte colou os palmeirenses na roda. Os três gols necessários para levar a decisão para os pênaltis, devolvendo a surra de Campinas, pareciam mais distantes do que nunca, contrariando a festa e a fé que os 39 mil torcedores levaram para o Allianz Parque na noite deste sábado.

O segundo tempo foi um repeteco do primeiro, muita energia e pouca qualidade, direção, calma e pontaria. Embora todo palmeirense acreditasse, no fundo havia a certeza da qualidade do oponente. A Ponte estava inteira e manteve-se assim até o fim

A bronca de Borja, e sua ira ao chutar a água de Eduardo Baptista, ao ser substituído por William, demonstrou o tamanho de sua insatisfação consigo mesmo e com o rendimento do time. O 0 a 0 imperava no marcador. Tudo parecia impossível, e justamente num dia em que o estádio recebia seu maior público no ano. Nem o gol de Felipe Melo, aos 37, mudaria a história. A Ponte está na final. O Palmeiras, eliminado.

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