Vó atenta
Fofoca pela metade de Dirce vale repreensão
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emMal chegou à casa da amiga, Dirce foi puxada pelo braço. Ela apenas sorriu aquele sorriso de regozijo, enquanto Paula, ainda com mão firme, a encarava com os olhos arregalados. No canto, Toinha, a avó, parecia desfrutar mais um dos inúmeros cochilos diários.
– Conta!
– Contar o quê, Paula?
– Tudo! Quero saber de tudo!
– Não sei do que você tá falando, mulher!
– Não se faça de sonsa, pois a Ritinha me disse que você estava lá quando aconteceu.
Dirce se sentiu a mais privilegiada das criaturas da quadra, pois, ela sabia, era detentora de informação sobre o maior bafafá dos últimos tempos. Ademais, a mulher possuía a versão original, sem interferência da famosa rádio corredor.
– Diga logo, Dirce!
– Só sei que o Laurentino pegou a Maria na cama com outro.
– No ato?
– Sei lá!
– Rezando que não tava. Conte! Conte! Quero saber!
– Mas, mulher, não sei de nada.
– Pois não é o que o povo tá falando.
– E o que é, então? Diga!
– Diga você, que viu tudo!
– Vi nada, Paula. Além disso, não gosto de ficar falando da vida dos outros.
– Pois, sim! Logo você!
– E o que tem eu?
– A Solange me disse que você contou muito mais coisas pra ela.
– E você lá ainda acredita nas coisas que a Solange fala? Me poupe!
– Pensei que fôssemos amigas, Dirce.
– E somos! Mas não vi nada além do Laurentino jogar na cara da Maria as coisas que ela tava fazendo com o Juninho.
– Com o Juninho?
– Pois é. Você acredita?
– E ele com aquela carinha de sonso.
– Sonso nada! Parece que já deu uns pegas até na Márcia.
– A mulher do Pedro da padaria?
– A própria!
– Valha-me Deus!
– Pra você ver!
– Conte! Conte tudo! Quero saber!
– Mulher, preciso ir agora. Depois passo aqui e conversamos mais.
Apesar da insistência de Paula para que a amiga prosseguisse com a história, Dirce foi em direção à porta. Nada parecia dissuadi-la de guardar, ao menos por mais algum tempo, aquelas informações preciosas. No entanto, quando ela meteu a mão na maçaneta, eis que a velha Toinha, com olhar firme, a provocou.
– Minha filha, fofoca pela metade não edifica. E tem mais!
– Mais o quê, dona Toinha?
– Fofoca pela metade mata a fofoqueira.