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Fogo no Mar, em São Paulo, e Nuvem Cigana, no Rio. E olha que É Tudo Verdade…

Luiz Carlos Merten

Em menos de três anos – entre setembro de 2013 e fevereiro deste ano -, o italiano Gianfranco Rosi fez história vencendo dois dos maiores festivais de cinema do mundo. O fato, por si só, seria notável, mas ele ainda venceu com documentários e a tradição mostra que, na maioria das vezes, os júris não sabem como proceder diante de obras do gênero, preferindo, invariavelmente, as ficções. Rosi venceu em Veneza com Sacro Gra e, este ano, em Berlim, com Fuocoammare, Fogo no Mar. O segundo abre nesta quinta, 7, em São Paulo, o Festival de Documentários É Tudo Verdade e depois terá mais uma exibição no evento, antes de estrear na quinta, dia 28.

No Rio, o festival começa na sexta, 8, com As Incríveis Artimanhas da Nuvem Cigana, nacional de Paola Vieira e Cláudio Lobato. Em ambas as capitais, encerra-se dia 17 e, na sequência, a partir de 20, viaja por cidades como Santos. Criador do evento, Amir Labaki está feliz da vida com seu rebento que atinge a maioridade – é a 21.ª edição.

O festival vai exibir 85 filmes de 26 países, fará homenagens a Ruy Guerra, Chantal Akerman, Claude Lanzman e Haskel Wexler e ainda terá a retrospectiva de Carlos Nader. Amir, que também é crítico, e dos bons, não deixa por menos – “Estamos abrindo o festival, nas duas capitais, com filmes tão diversos quanto cativantes. De maneira geral, a barra está muito alta. Não me lembro de uma competição brasileira com tão grandes filmes e diretores, e a internacional também vai surpreender e até emocionar. É a prova de que o documentário está tão criativo ou mais que a ficção.”

Não fale nessa divisão para Gianfranco Rosi. O mestre conversou pelo telefone com o repórter. Para ele, documentário é filme “e os filmes são verdadeiros ou falsos”. Basta. Para entrevistar Rosi, foi necessária uma caça ao homem. No fim de semana, ele estava em Nova York. Na terça, 5, foi localizado em Atenas, onde, à noite, Fogo no Mar teve sessão especial, seguida de debate, na Fundação Onassis. Rosi tem acompanhado o lançamento internacional – nos EUA, o filme estreia em outubro e ele participou de um “Memorial”. Gostaria de ter vindo ao Brasil, mas teve de preparar a exibição especial em Lampedusa.

“Sinto que tenho essa obrigação. O povo que me acolheu tão bem para que eu fizesse o filme ainda não viu. A sessão será no dia 15. Com Sacro Gra foi a mesma coisa. Mostrar os filmes para os que os fazem comigo é mais que um agradecimento. É uma forma de reconhecer que, sem essas pessoas, não sou ninguém”, acrescenta.

 

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