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Bolsonaro é pé-de-cabra

‘Folclore pode explicar a situação política do Brasil’

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Major-brigadeiro Jaime Sanchez - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom

O prêmio “Pinóquio de ouro”, edição 2022, será dividido por três mandatários de importantes instituições, devido aos discursos enganosos que proferiram na abertura dos “trabalhos” das respectivas casas do Judiciário, Legislativo e Eleitoral. Como sempre, abundaram palavras e promessas vãs, totalmente divorciadas dos conceitos da sociedade sobre aquelas casa.

Já o prêmio “Nariz de Palhaço Perpétuo” permanece em cada um de nós, até que consigamos nos recuperar no quesito “vergonha na cara“. Apenas para ratificar essa afirmação, seguem pequenos trechos dos discursos de cada um.

O presidente da instituição recordista em atos de exceção disparou a seguinte pérola: “Este Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, concita os brasileiros para que o ano eleitoral seja marcado pela estabilidade e pela tolerância, porquanto não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para violência contra as instituições públicas.”

O presidente da Câmara dos Deputados, fingindo ignorar os costumes parlamentares num ano eleitoral, sofismou: “concluo, presidente Rodrigo Pacheco, deputadas, deputados, senadoras, senadores e demais autoridades presentes, conclamando a todos que deixemos as eleições para outubro, deixemos os interesses políticos para outubro e agora trabalhemos com ainda mais afinco e unidos para aprovar as medidas que são tão necessárias para o país e para os brasileiros”.

Já o presidente do TSE, utilizando a máxima de que a melhor defesa é o ataque, dentro do estilo que o notabilizou nas reuniões do STF, partiu para a utilização de falsos conceitos e agressões pessoais: “Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades. Sempre lembrando que informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos. O presidente da República vazou a estrutura interna da TI [tecnologia da informação] do Tribunal Superior Eleitoral”.

Três grandes escritores e comediantes foram capazes de descrever ou vaticinar o que viria a ser o Brasil de hoje.

A corrupção e a insegurança jurídica eram perfeitamente retratadas por personagens visionárias que alertavam para o que agora é uma realidade.

Do programa “Viva o gordo”, em 1981.

“Dom Casqueta: Chefe mafioso, desiludido porque não via nenhuma condição de a máfia existir em um país tão desorganizado quanto o Brasil”; o personagem do grande comediante Jô Soares previa em suas sábias palavras: “Não manda a máfia pro Brasil, que o Brasil esculhamba a máfia”.

Outro personagem histórico era o excelentíssimo deputado Justo Veríssimo, criação do maior ícone da comédia brasileira, Chico Anysio, cujos principais slogans eram: “eu quero que o pobre se exploda”, ou ainda, “pelas minhas regalias e pelo futuro dos meus filhos e netos, eu voto sim”.

Tudo isso era veiculado na rede Globo, durante o “período de repressão e censura da ditadura militar”. Se fosse hoje, após a “redemocratização”, estariam todos presos por crime de opinião.

O que estamos vivendo hoje no País é uma tremenda esculhambação, provocada pelas estapafúrdias decisões dessa ditadura jurídica que ignora as liberdades individuais e os preceitos constitucionais, agravada por uma reação institucional e criminosa ao combate à corrupção, gerando uma conjuntura política, social e econômica dignas de outra peça histórica do saudoso Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta: “O samba do Crioulo Doido”.

Este seria preso por racismo.

O Brasil é um país sui generis: fazemos piadas de tudo e de todos; avacalhamos o Papa, a rainha da Inglaterra, o presidente da República, os portugueses, nós mesmos, os ricos, os pobres, os deficientes, os gays, enfim, tudo que possa mascarar ou satisfazer nossas idiossincrasias e frustrações.

A conjuntura atual também pode invocar outra criatura enigmática, a Sucuri de duas cabeças, encarnadas pela Covil de Ali Babá e a Suprema Casa da Mãe Joana, simbiose do mal para asfixiar e destruir qualquer tentativa de retomar desenvolvimento do País.

Uma cabeça se empenha em inviabilizar o crescimento, através do engessamento do orçamento; de gastos injustificáveis com as emendas parlamentares e fundo eleitoral; do travamento das reformas estruturais; da promoção de CPIs circenses.

A outra cabeça age criando o caos jurídico ao minimizar o mensalão; desqualificar a lava-jato; perdoar e habilitar a candidatura do ladravaz; impedir a extradição de mafiosos; soltar traficantes; impedir operações policiais em áreas críticas para a segurança pública; usurpar atribuições dos outros poderes; criar inquéritos ilegais; impedir a transparência do sufrágio universal.

Afinal, por que cargas d’água, do nada, entra na pauta agora o julgamento do presidente da Câmara Artur Lyra? Seria para sua substituição viabilizar um impeachment almejado? E por que aguardam na longa fila do perdão, ou melhor, da prescrição os políticos multi indiciados, inativos e com mandatos? Seria para evitar impeachments indesejáveis?

Enquanto isso vamos cantando as música de Chico Buarque: “Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni!”; ou “Eu só quero lhe dizer, que a coisa aqui está preta!”; enquanto isso, seguimos vendo “a banda passar tocando coisas de amor”.

Bolsonaro é o pé-de-cabra usado por nós para arrebentar a fechadura e salvar a Nação. Não queremos um político da 3ª via para tentar fazê-lo com um grampo de cabelo.

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