Folião prepara espírito para o carnaval de Olinda

Na contagem regressiva para o reinado de Momo, o folião começa a sentir um chamado interno, quase um batuque que ressoa no peito. As ladeiras de Olinda, já célebres por suas histórias e tradições, esperam por ele como um palco ancestral, onde o suor, a alegria e o cansaço se misturam em uma dança única.

A preparação começa antes mesmo de fevereiro mostrar sua cara. É preciso fôlego, estratégia e, claro, uma dose generosa de entusiasmo para enfrentar as subidas e descidas embaladas por frevos, maracatus e troças. A primeira missão é ajustar o corpo. Um mês antes, o folião resolve calçar os tênis e caminhar pelo bairro, imaginando que a ladeira da rua de casa pode, quem sabe, ser um treino para as íngremes ruas de paralelepípedo de Olinda.

Depois vem a escolha da fantasia. Este é um ritual quase sagrado. Será que este ano ele vai de super-herói, de personagem histórico ou de algo mais irreverente, como um meme da internet? O importante é que a roupa resista à maratona de suor e abraços, sem perder o brilho ou a graça.

E não podemos esquecer da hidratação. Enquanto alguns investem em isotônicos, outros seguem a tradição da “água que passarinho não bebe”, afinal, o carnaval de Olinda não é lugar para moderação. Entre um gole e outro, é ali, no meio da multidão, que o folião encontra forças para continuar, seja ao som do hino do Elefante de Olinda ou seguindo um bloco que surgiu do nada.

Quando chega o grande dia, o espírito já está pronto. O sol castiga, mas a animação não cede. As ladeiras, que antes pareciam desafiadoras, agora se tornam o cenário perfeito para uma celebração coletiva. Cada passo, cada subida, cada descida, é uma afirmação de que o carnaval é resistência, alegria e tradição.

A vida do folião pernambucano, entra ano sai ano, é assim. Ele marca os passos do frevo sabendo que, no final das contas, não é ele quem conquista as ladeiras. São as ladeiras que conquistam seu coração.