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Folião vai conhecer vida de dupla sertaneja nas alas da Imperatriz Leopoldinense

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Cristina Índio do Brasil

O cantor e compositor Zezé Di Camargo, quando era adolescente, costumava assistir pela televisão aos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio, mas nunca poderia imaginar que um dia participaria do encantamento que sempre tinha diante da beleza dos desfiles. A realidade mudou e, em 2016, ele e o irmão Luciano são os homenageados da Imperatriz Leopoldinense, com o enredo “É o amor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim. Do sonho de um caipira, nascem os filhos do Brasil”. A escola desfila na Marquês de Sapucaí na segunda-feira (8).

Quando recebeu a notícia da Imperatriz, Zezé ficou tão surpreso que nem consultou o irmão, que estava viajando. Além de mostrar a trajetória dos filhos de seu Francisco e dona Helena – com os sonhos de sair de Sítio Novo, região rural de Pirenópolis, em Goiás, conquistar um lugar na música brasileira e alcançar a popularidade que a dupla tem hoje –, a escola destaca no enredo a cultura, a religiosidade e a lida na terra do Centro-Oeste. Para Zezé, é também um orgulho ver o seu estado retratado, especialmente, com a poetisa Cora Coralina, as manifestações populares pelo Divino Espírito Santo e as festas de Pirenópolis.

“Retratei os festejos da cidade, as cavalhadas, os mascarados, as pastorinhas, o auto do Divino Espírito Santo”, adiantou o carnavalesco Cahê Rodrigues que, desde 2013, está na Imperatriz.

Cahê conta que a proposta do enredo foi levada a ele pelo presidente da escola, Luiz Pacheco Drummond, para falar do universo sertanejo. Na avaliação dele, o desafio é muito grande, porque as outras agremiações também estão bem preparadas e, por isso, a disputa vai ser forte. “A Imperatriz vem de três anos para cá fazendo grandes carnavais e beliscando uma vaga sempre nas campeãs e voltando para o desfile de sábado. A gente se preparou para apresentar um carnaval à altura da escola e da história de vida deles”, contou.

O enredo foi dividido em seis setores com sete alegorias e três elementos alegóricos espalhados em 32 alas. “Considero que a Imperatriz tem hoje um carnaval alegre, colorido e onde as pessoas vão poder se divertir, vibrar e se emocionar com a história dos Filhos de Francisco”, disse o carnavalesco.

Doações – Uma das alegorias, o carro que vem no terceiro setor, que vai fazer referência à música sertaneja será decorado com 180 violões. “Eles serão doados [depois] para instituições que têm trabalho social com música, e as indicações serão feitas por Zezé e Luciano. A ideia é dividir a quantidade para que eles entreguem em várias instituições. Eles vão pessoalmente entregar esses violões”, acrescentou o carnavalesco.

A morte do irmão Emival, aos 11 anos, quando fazia parte da dupla Camargo e Camarguinho, com Zezé, foi um baque na família. Só que no enredo a presença dele não será de tristeza. “Esse irmão é o nosso anjo caipira que a gente cita no enredo. É como um grande anjo da guarda da família Camargo, como se ainda ele cuidasse da família e da carreira dos irmãos. A dona Helena é uma mulher de muita fé. Tive um cuidado muito grande para entrar nesse assunto no desfile”, contou.

A saída da família da cidade pequena para a capital do estado em busca do sonho de projeção por meio da música é outro setor importante do enredo para, no fim, chegar à conquista do sucesso e à declaração do amor da Imperatriz ao universo sertanejo e aos filhos do Brasil. “Zezé e Luciano vêm na última alegoria. Digo que a escola pede licença do seu verde e branco para encerrar o carnaval com vermelho que é o amor. É uma alegoria que vai pulsar na avenida.”

Evolução – Para reforçar a empolgação, a escola conta com a comunidade. O diretor de Carnaval, Wagner Araújo, contou que a Imperatriz está bancando 2,6 mil fantasias, em 26 alas, além 250 de componentes que desfilarão em alegorias. O diretor explicou que para ser de uma ala de comunidade, não precisa ser morador de Ramos, bairro da zona norte onde está a quadra da Imperatriz. O fundamental é que a pessoa frequente a escola. “Não adianta você morar e não frequentar a escola de samba. Isso para a escola não é comunidade. Comunidade é aquele povo que frequenta a escola e não tem condição de dar R$ 800, R$ 1 mil, R$ 1,5 mil em uma fantasia. É o componente fiel, que canta e evolui.”

A escola conta com a força da comunidade para assegurar notas máximas no quesito evolução. Para isso, Wagner Araújo destacou o trabalho da coreógrafa Débora Kolker responsável pela comissão de frente, do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rogério Dornelles e Rafaela Theodoro. A bateria fica a cargo de Mestre Lolo. “Se cada um fizer o seu [trabalho] da melhor maneira, você começa a entender que o resultado final é o melhor possível.”

Wagner acrescentou que a Imperatriz continua a ser uma escola que faz desfile técnico. Por isso, a escola sofreu críticas na conquista de três títulos em sequência na década de 90, somados aos campeonatos em 2000 e 2001. “A organização e a disciplina não impedem a espontaneidade, a garra, o canto, a dança, a alegria. Nada disso. São coisas que podem conviver perfeitamente”, completou confiante no campeonato.

Agência Brasil

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