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Cinema

Fortes doses de realidade na fantasia ‘O Menino Que Queria Ser Rei’

Publicado

Autor/Imagem:
Luiz Carlos Merten

Louis Ashborne Serkis? Você não sabe quem é? É o filho de Andy Serkis, que se transformou em ícone, viabilizando a movimentação cênica (e dramática) sobre a qual, com a técnica na época revolucionária do motion capture, Peter Jackson criou o Gollum na saga O Senhor dos Anéis.

Papai virou um ator superconhecido, mesmo que nem sempre – raramente – colocando a própria cara na tela. O garoto, Louis, é ótimo, e mesmo assim não é o destaque de O Menino Que Queria Ser Rei, que estreou na quinta, 31.

Joe Cornish dirige, e você deve lembrar-se de que, em Ataque ao Prédio, ele abusou de drogas, palavrões e violência. Não parecia o diretor mais adequado para uma fantasia infantojuvenil baseada na lenda de Excalibur.

Imagine – o nerd da escola, que vive sofrendo bullying. Pois é esse sujeitinho que descobre a espada encravada na pedra – sim, Excalibur – e que, ao conseguir removê-la, se habilita, como descendente do lendário Arthur, a formar uma nova Távola Redonda para salvar a Terra.

Morgana está de volta, e com tudo, mais perigosa que nunca. Alex/Serkis Jr., superando diferenças e divergências, une-se aos antigos desafetos para derrotá-la. E ah, sim, como não existe Excalibur sem Merlin, a novidade é que dessa vez, o mago é tanto um garoto como um velho. Como jovem, Angus Imrie, ele é realmente a alma de O Menino Que Queria Ser Rei, garantindo ao filme alguns de seus melhores momentos.

Mesmo trabalhando com fantasia, Joe Cornish não resiste a impregnar seu filme de uma dose de realidade. Alcoolismo, desemprego, a crise da Inglaterra em tempos de Brexit. Cornish, o roteiro explica, vale-se do fato de que Morgana só aparece em períodos de crise. Aparece, em termos, porque justamente Rebecca Ferguson tem muito menos cenas que seu nome e talento exigem.

Mistura de Minha Espada É Lei com O Homem Que Queria Ser Rei, o clássico de Rudyard Kipling que John Huston transformou em um grande filme, nos anos 1970, a sutileza é que o menino não quer, realmente, ser rei. Bullying, direito à diferença. Mais que o Brexit, essa é a parte ‘adulta’ da brincadeira.

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