O papa Francisco rebaixou neste sábado um cardeal norte-americano conservador que tem criticado sua liderança reformista na Igreja Católica Romana.
O cardeal Raymond Burke, 66, foi retirado da chefia do mais alto tribunal do Vaticano e indicado para um posto cerimonial de capelão do grupo de caridade Cavaleiros de Malta.
A decisão, anunciada pelo Vaticano neste sábado sem comentários, já era esperada. Burke afirmou no mês passado que ele seria transferido para uma nova função sem saber quando.
Burke, que até sábado era o norte-americano mais bem graduado no Vaticano, concedeu uma série de entrevistas recentes criticando o papa, emergindo como o representante de uma oposição conservadora à agenda de reformas de Francisco.
Em entrevista a uma revista espanhola no mês passado, Burke comparou a Igreja Católica sob o comando de Francisco a “um navio sem leme”.
Em uma reunião de bispos de todo o mundo no mês passado, Burke foi o líder de conservadores contrários a uma postura mais acolhedora da igreja em relação aos homossexuais.
Burke tem publicamente entrado em conflito com o papa desde que o pontífice argentino venceu a eleição de 2013. Fontes no Vaticano vinham afirmando que o papa considerava as críticas de Burke como parte de uma chamada “guerra cultural” entre os católicos que Francisco quer evitar.
Chocados pela linguagem, Burke e outros bispos conservadores lideraram campanha que acabou revertendo em outubro um histórico sínodo que falava mais positivamente sobre os homossexuais que qualquer outro na história da igreja.
A retirada de Burke do tribunal marcou a segunda vez que o papa afastou o cardeal, ex-arcebispo de Saint Louis. Em dezembro, Francisco retirou Burke do conselho do influente departamento do Vaticano que se encarrega pela indicação de bispos.