Felipe Meirelles
Ninguém se entende na área da Segurança Pública (e da Justiça e Cidadania) em Brasília desde a cinematográfica fuga de 10 detentos da Papuda, na madrugada deste domingo, 21. O tiroteio parte da Polícia Civil, onde agentes atacam a política dos delegados, passa pela Polícia Militar, atinge a Secretaria de Justiça e resvala até em Rodrigo Rollemberg.
Para usar um ditado popular, em meio a tanta confusão, o governador ‘parece cego em meio a tiroteio’. Isso mesmo. O próprio Rollemberg engoliu sapo nesta segunda-feira. Mas ao invés de usar de pulso firme, apenas fez a opção de rebater a crítica de um dos seus subordinados.
João Carlos Souto, secretário de Justiça e Cidadania, cobrou a presença de policiais militares nas guaritas da Papuda, para, segundo ele, dificultar fugas na Papuda. Rollemberg, ao que parece contemporizador, defendeu a PM, “que não cabe ser responsabilizada”. O problema, segundo o governador, é com o controle interno (da penitenciária).
– Nós vamos investigar, antes de apontar o dedo para qualquer um. Vamos investigar para que, se houver responsáveis por isso, que sejam punidos adequadamente”, declarou Rollemberg.
Antes, o secretário João Carlos Souto havia afirmado que a ausência de PMs nas guaritas que rodeiam a Papuda facilitou a escapada. Segundo ele, os postos de observação estão desativados desde 2011, e a área externa da unidade não é de responsabilidade da Secretaria de Justiça.
– Se a guarita [da PM] estivesse ocupada e funcionando, seria um dificultador. Mas quero ressaltar que a área externa não diz respeito à Secretaria de Justiça, afirmou. A Papuda é gerenciada pela pasta, e as polícias Civil e Militar, pela Secretaria de Segurança Pública.
A PM entrou na polêmica e divulgou nota onde se lê que a corporação “só foi acionada cinco horas após a fuga dos internos”. Sugere, portanto, “uma investigação para apurar a demora”. A Polícia Militar também diz que “o cuidado com os detentos é responsabilidade dos agentes técnico-penitenciários”.
Por sua vez, o diretor-geral da Polícia Civil, em contato com Notibras, expôs o que se segue:
Invasão de baratas – A PCDF faz dedetização nas unidades (delegacias infestadas por baratas, ratos e mosquitos, segundo o Sinpol) de forma programada, assim como algumas manutenções, ou se houver acionamento por parte dos gestores diretos, quais sejam, os Delegados Chefes e Chefes de SAAs.
Desabafo de delegado – Quanto ao áudio do Doutor Mauro Cesar (delegado responsável pela captura dos foragidos da Papuda, que gravou depoimento com críticas severas ao modelo de segurança de Brasília), me parece ter havido um desencontro entre as pessoas envolvidas, pois a minha área operacional esteve em contato direto com o Doutor Lossio, Subsecretário da Ssipe, por várias vezes ontem, assim como com o delegado Mauro Cesar. Só a nossa aeronave voou mais de seis horas em apoio à captura.
Cobranças – Fiz reunião hoje (segunda-feira, 22) pela manhã e cobrei explicações sobre a acusação de eventual falta de apoio da PCDF.
Sindicato – Quanto à nota do Sinpol (que vê politicagem na cúpula da Polícia Civil) encaminho manifestação que mandei para os meus amigos. “Bom dia pessoal, a respeito de mensagens que estão sendo postadas dando conta de que a Direção Geral da PCDF estaria envolvida em processo eleitoral do Sinpol, registro que, a despeito do imenso apreço que tenho pela referida entidade sindical, bem como da absoluta consciência da sua importância, não há definitivamente nas ações da DGPC quaisquer direcionamentos neste sentido. A palavra união incomoda aqueles que querem se impor pelo autoritarismo”.