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Rir é o maior barato, tio...

Fumando um, o primeiro Lollapalloza a gente nunca esquece

Publicado

Autor/Imagem:
Gilberto Motta - Texto e Imagem

*O dia em que levei minhas filhas e amigas ao Lollapalooza. E Sampa jamais foi a mesma caverna…”

“Crônica de um velho rockeiro crônico”

…………..

Enquanto você está aí no conforto do seu combo wifi+ar condicionado, estou aqui no Lollapalooza, em Interlagos, Sampa. Calor de 40º C à sombra. Trouxe minhas filhas; ou melhor: elas me trouxeram para o festival.

Deveria se chamar Longepalloza. Tudo aqui é longe.

Interlagos é longe. Os palcos são longe. A água, a comida, os banheiros estão longe.

O que esperavam, afinal?

O lugar foi feito para se ir de um ponto a outro num fórmula 1.

Como podem exigir que a gente fosse caminhando?

O público se divide em dois grandes grupos: meninas de shorts jeans mínimos e sainha colegial por cima e os barbudos de gel no cabelo e pearcing no nariz. Alguns barbudos também usam shortzinho e sainha, mas aí já é um grupo alternativo.

Estou sentado na grama.

Sinto que a última vez que sentei na grama o continente ainda se chamava Pangeia.

Um garoto de uns 15 anos ameaçou me ajudar a sentar.

Humilhante.

Agora começou o show de uma banda cujo nome só tem consoantes.

Tentei pronunciar e minha filha Nanda achou que eu estivesse engasgado.

Sou o único num raio de 30 km que nunca ouviu falar na maioria dos grupos do festival.

E os DJs, então?

Fica o sujeito lá sozinho, pulando e fingindo que mexe nuns botões.

Se estivesse fazendo um risoto ninguém notaria a diferença.

Martela os graves e esfrega os agudos na minha orelha dentro do meu cerebelo.

As vozes eletrônicas rosnam e a tribo vai à loucura.

Uma moça, aqui na minha frente, dança fora de controle. Escapa da realidade e volto a 1969, Woodstoock.

Estou hipnotizado olhando para a moça dançando.

Perco a noção do tempo.

Então percebo que foi o efeito da brisa leve trazida pelo vento. Cheiro forte e alma boa que bateu.

Não fumei, mas traguei.

Em que ano vocês acham que eu vivo? 1969?

Mesmo sendo 2025, a brisa ardida doce cobre o lugar desde as 3 da tarde.

Uma bruma cada mais vez alucinógena e o som pesado das bandas.

E os telões imensos, coloridos, ampliam a percepção.

Agora estou dançando com o vendedor de cachorros-quentes.

A música alta, o laser, fumaça, o chão que vibra.

(Amanhã acho que venho de shortinho de jeans….)

O maior problema é sair daqui agora.

Primeiro achar as minhas filhas e depois localizar onde deixei o dinossauro estacionado.

O primeiro Lollapalloza a gente nunca esquece. Mesmo sendo sexagenário.

E segue a banda…

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