Resgatar o futebol brasileiro não se fará pela manutenção dos atuais clubes de futebol.
Essa afirmação, por mais doída que seja para nós, amantes das cores e tradições do futebol brasileiro, é fácil de fundamentar: após alguns anos de injeção de dinheiro para os clubes, verifica-se a penúria em que sua maioria se encontra, com deficit de caixa e aumento de dívidas fiscais.
Curiosamente, também se verifica que quase tudo que os cercam ganhou dinheiro nesse período como, por exemplo, os empresários, a TV, boa parte dos jogadores, os patrocinadores, a imprensa, as federações.
O negócio futebol é viável, mas a demanda não consegue sustentar o custo que é assumido pelos clubes: a oferta do produto futebol é exagerada. Não é espantosa, por exemplo, a presença de Allianz Parque, Itaquerão, Morumbi, Barueri, Pacaembu e Canindé em tão pequena área?
As atuais ambições esportivas e de entretenimento da sociedade brasileira não proverá consumo para todos os clubes que se julgam grandes. Em 2014, a média de pagantes do Paulistão foi de ínfimos 5.675, enquanto o Carioca apresentou a metade disso, 2.828 pagantes. A recente discussão sobre terminar com os pontos corridos no Brasileiro sugere que a audiência televisiva também ficou aquém da expectiva inicial.
A infeliz queda dos times de Salvador para a Série B abre uma maravilhosa oportunidade para a melhora do futebol brasileiro: a criação de um time a partir da união das áreas de futebol de Bahia e Vitória.
Muitos irão se revoltar com essa proposta, mas imagine, em uma cidade de torcidas vibrantes que adoram futebol, a força de uma organização que poderá negociar melhores condições com patrocinadores, providenciar mais segurança para os jogos e, principalmente, montar um time que tenha chances reais de disputar o título brasileiro.
O mesmo se aplica a Recife e a outras capitais brasileiras. Devido ao seu elevado PIB, a macrometrópole paulista talvez consiga sustentar os quatro times grandes, como Londres também consegue com vários times na Premier League.
Porém, há que haver a conscientização que os patrocinadores deverão exigir uma maior exposição e presença junto ao interior do Estado e, também, medidas que evitem ocorrências policiais por pessoas vestindo a sua marca em situações degradantes.
Muitos irão argumentar que esse processo será feito por seleção natural, porém, em um prazo muito dilatado, com a gradual perda de milhões de consumidores, como já se observa há alguns anos.
Há muito em jogo e, portanto, não há tempo a perder.
Alvaro Luís Afonso Simões