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Pântano de ariranhas

Futuro político do Brasil pertence a Lula até 2026

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior - Foto de Arquivo/Ricardo Stuckert - ABr

Descabida, desconexa e desprovida de provas concretas, a afirmação de que Jair Bolsonaro e Luiz Inácio têm muito a ver é, no mínimo, uma afronta ao bom senso. Símbolo da tirania, da grosseria, do preconceito e do esculacho, um se matriculou, foi aprovado no vestibular, mas sequer passou do primeiro semestre na universidade do poder. Se enrolou nas redes, foi jubilado, saiu pela porta dos fundos e, para o bem do futuro nacional, foi defenestrado da vida pública. Acusado de chefe de quadrilha, ladrão e que tais, o outro deu um sacode na eleição passada e, apesar dos perigos que enfrenta no Congresso, colhe os louros de sua terceira encarnação presidencial.

E não parece satisfeito com o tricampeonato político. Embora em silêncio, o Brasil e o mundo sabem que ele busca o tetra. Não tenho bola de cristal, mas hoje apostaria o que ainda resta no meu PIX e cravaria seu nome para mais um mandato. É claro que tudo dependerá do resultado das eleições municipais de 2024 e, principalmente, da situação econômica do país sob a batuta de Lula daqui a três anos. Se der errado, será uma chance única e de ouro para a oposição. Não a de Bolsonaro, enterrado até o pescoço com a terra do Cerrado que ele pisou como um falso deus. A alma continua de fora, mas certamente por pouco tempo. Talvez até Xandão se recuperar da comemoração da inelegibilidade. Triste, mas realmente foi para comemorar.

Quanto à sucessão, difícil é saber quem, na hipótese de ausência de Luiz Inácio, vai liderar o segmento oposicionista. Curta como um cobertor do tipo sapeca caboclo, a lista por enquanto tem três corredores que ainda precisam provar que dispõem de fôlego para uma maratona longa, espinhosa e cheia de obstáculos que eles mesmos produziram. Respectivamente governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Eduardo Leite (PSDB) já botaram as mãos na mesa. Falta mostrar o restante do corpo para o eleitorado nacional. Afinal, quem vê somente dedos não avalia coração, muito menos o tamanho da língua.

Se tiverem oportunidade, que se mostrem no momento da qualificação. Até lá, a “potencial” candidata é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), cuja história, além de pífia e deslumbradamente temporária, é limitada ao entorno da Ceilândia e, agora, à extensão do Lago Sul. Desde a decretação da inelegibilidade do presidente do fim do mundo (o que era fava contada desde sua derrota), o fato recente e mais marcante da família sem poder foi o anúncio do casamento da filha solo de Michelle. E nós com isso? Que pelo menos a moçoila escolha melhor. Dizem as boas e más línguas que a turma de candidatos pensa em se unir aos patriotas para fretar um submarino estilo Titan e tentar visitar os destroços da carreira política de Jair Messias.

Como não acredito em ninguém sem história, também tenho o pé atrás com quem não se enerva com o que está errado. O Brasil do Bozo não foi apenas um erro, mas um desastre total e absoluto. Faltaram governo, governabilidade e governante. Sobraram ódio, coação, mentiras, golpismo e desgoverno. Afora a rede de fake news, nada funcionou. Interna e externamente, o solo brasileiro se transformou em pântano apinhado de ariranhas, crocodilos e cobras peçonhentas. Mesmo assim, os patriotas brigam para acabar com o que restou. Pior são os que sugerem a Lula um casamento às cegas, daqueles em que os que esticam o cabo de guerra entram com a corda e Lula com o pescoço. Coisas do Centrão.

É muito cedo para conclusões definitivas. No entanto, já dá para cravar que, mesmo juntos, Tarcísio, Zuma e Leite não têm capilaridade para enfrentar uma disputa de grande porte. Desse modo, poderíamos afirmar que hoje, eles não fariam frente à Luiz Inácio. Como o amanhã a Deus pertence, tudo pode acontecer. Portanto, convém esperar mais alguns meses, talvez anos. Pelo sim, pelo não, a cautela e o caldo de galinha são os melhores remédios para os mais afoitos, particularmente os que já esqueceram que o futuro político do país pertence a Lula até, no mínimo, dezembro de 2026. Como o tacho de Valdemar Costa Neto já derramou, resta saber quem permanecerá no Partido das Lágrimas (PL) e, sobretudo, quem optará por ter Bolsonaro como cabo eleitoral nas eleições de 2026. Se você topa, reitero a aposta. Faça um PIX e vamos ao voto.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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