Distante do time que encantou a América do Sul aliando raça e técnica refinada para ser campeão da Taça Libertadores há dois anos, o Atlético-MG desta vez uniu nervosismo e erros bobos para perder para o Atlas por 1 a 0 na Arena Independência, acumulando duas derrotas em dois jogos nesta edição do torneio continental.
Pressionado pelo revés diante do Colo-Colo pelo placar 2 a 0 na estreia, em Santiago, na semana passada, o campeão continental de 2013 não correspondeu às expectativas. Para piorar, a torcida, impaciente, pegou no pé de jogadores como o lateral Patric, o zagueiro Edcarlos e o atacante André, que foram os que mais erraram.
Com isso, o “fator Horto”, onde a equipe mineira obteve 90 vitórias em 118 partidas desde 2011, quando passou a mandar os jogos no Independência, não foi suficiente para evitar o tropeço. Ao contrário, o time sofreu a sexta derrota no local.
O resultado deixa o Atlético na lanterna da chave, sem ponto algum. O Atlas tem três, assim como Colo-Colo e Independiente Santa Fé, que se enfrentarão nesta quinta-feira em Bogotá. E é justamente na capital colombiana, contra o atual campeão nacional, que o vencedor da última Copa do Brasil terá que buscar a reabilitação, no dia 18 de março.
Levir Culpi vem tendo que quebrar a cabeça para montar a equipe do Galo. Os principais problemas são a lateral esquerda e a posição de centroavante, na qual tanto os titulares, Douglas e Lucas Pratto, quanto os reservas, Pedro Botelho Jô, estão vetados pelo departamento médico. Com isso, Lucas Cândido, que não jogava há um ano, e André foram escalados. O lateral-direito Marcos Rocha também ficaram fora.
No Atlas, a grande atração foi o atacante brasileiro Keno, que se destacou defendendo o Santa Cruz na segunda divisão do Brasileirão e foi contratado em janeiro.
A equipe visitante entrou em campo com três propósitos básicos: defender, catimbar e contra-atacar. Mas foi o time mexicano que teve as primeiras boas chances da partida. Aos quatro minutos do primeiro tempo, Millar deixou dois marcadores na saudade e tirou tinta da trave esquerda. Aos oito, Caballero ganhou de Patric e bateu perto do mesmo poste.
A partir daí, o Galo teve o controle das ações, mas demonstrou certo nervosismo e cometeu erros bobos. Luan levou perigo duas vezes em um minuto, entre os 17 e os 18. Na primeira, em cobrança de falta, o goleiro Vilar encaixou; na segunda, o arqueiro deu um presente nos pés do meia-atacante, que, contudo, finalizou cruzado para fora.
Sem conseguir invadir a área adversária no chão, o Atlético apostou em jogadas aéreas. Leonardo Silva tentou de cabeça pelo menos três vezes antes de ser substituído por Edcarlos por uma lesão em um dedo da mão esquerda. Na melhor delas, aos 25, Villar, que joga com a camisa 3, defendeu em dois tempos.
A equipe da casa tentava se organizar em busca do gol, mas continuava tensa e falhando no momento de concluir. Aos 32 minutos, Dátolo bateu falta e o goleiro rebateu nas costas de André. De frente para o gol, o centroavante não viu a bola, se enrolou todo e protagonizou um lance bizarro, cedendo tiro de meta.
O desespero fazia com que a defesa do Galo ficasse com espaços, mas o Atlas quase não atacava. Numa das poucas escapadas do time mexicano, Keno desceu pela direita e levantou buscando Caballero, mas Victor saiu bem e defendeu firme.
Levir sacou Leandro Donizete no intervalo e mandou a campo o colombiano Cárdenas, que estreou na derrota para o América-MG no último domingo, pelo Campeonato Mineiro. O time voltou com tudo, e incomodou logo aos quatro minutos, quando Maicosuel abriu para Lucas Cândido, que emendou de primeira e obrigou Vilar a fazer grande intervenção.
A pressão do Galo era intensa, e André balançou a rede aos sete minutos, depois que Edcarlos ajeitou de cabeça, mas a arbitragem marcou impedimento. O centroavante ainda recebeu outras duas vezes em sequência, aos oito e aos nove, mas girou e chutou pra fora em uma e não alcançou na outra.
Quietinho na dele, o Atlas saía apenas na boa, e Victor teve que intervir aos 16 minutos. Keno aproveita sobra depois de cruzamento de Rodríguez, saiu do defensor e soltou a bomba. O camisa 1 espalmou e evitou que o placar fosse aberto.
Não era dia da linha de frente do Galo. Aos 23, Cárdenas lançou de longe na cabeça de Maicosuel, que, nas costas da zaga, ajeitou para o meio, mas ninguém conseguiu completar. Logo na sequência da jogada, o drama aumentou. Medina arriscou da entrada da área, num belo arremate de primeira, e carimbou o travessão de Victor.
Sem acertar, o time anfitrião levou mais um susto aos 27, e seu “santo protetor” teve que salvar. Também de cara para o gol, aproveitando cruzamento da direita, Pérez resvalou, e Victor defendeu com a boca.
Mais na base do abafa que da organização, o Atlético atacou novamente aos 38. Dátolo foi acionado na ponta esquerda e fez o chuveirinho na segunda trave até André, que mandou na rede, mas pelo lado de fora.
O drama enfim virou tristeza aos 41 minutos, quando o Atlas marcou o único gol da partida. Edcarlos errou na linha de impedimento, Suárez, que entrou no segundo tempo no lugar de Keno, avançou sozinho pelo meio e tocou na saída de Victor, que nem por um milagre defenderia.
Parte do torcedor atleticano abandonou o time e nem mesmo viu a última tentativa. Aos 48 minutos, Dátolo teve falta para cobrar na direita e levantou. Victor, que foi para área, até foi tocado, mas exagerou na queda e protagonizou uma cena digna de comédia pastelão. O árbitro não marcou a infração e encerrou a partida em seguida.